Entretanto, o governo brasileiro não trabalha para prejudicar a população. A medida é uma reação à política argentina de restringir a entrada de carne suína, têxteis, móveis, calçados e máquinas agrícolas. A resposta de Brasília foi acabar com a licença automática da batata, maçã, uva, farinha de trigo e vinho.
Desde 8 de maio, é preciso autorização prévia para conseguir o documento que contém informações sobre a mercadoria para controle das autoridades e sem o qual não é liberada a entrada no país. O processo pode demorar até 60 dias.
A longo prazo a queda de braço pode ser boa para a indústria, mas em um primeiro momento, os consumidores pagarão mais por alguns produtos. Matéria-prima de massas e pães, a farinha de trigo argentina responde por 89,8% das importações brasileiras.
Seguindo a velha regra econômica, a queda na oferta levará a aumento nos preços resume Mauricio Machado, presidente do Sindicato das Panificadoras. Mas o impacto pode demorar um mês, tempo para usar o estoque.
Reação brasileira que levou ao aumento dos preços no supermercado é iniciativa do setor agrícola
O presidente da rede de Supermercados Giassi, Zefiro Giassi, conta que vinhos, queijos e uva passas têm presença nas gôndolas e devem sofrer aumento de preço pelo mesmo motivo. Ele diz que o tamanho do reajuste é difícil de ser estabelecido no primeiro momento. No caso da batata, existe substituição nacional, mas a mercadoria importada tem melhor qualidade e preço.
A reação brasileira que levou a este cenário é uma iniciativa do setor agropecuário, bastante prejudicado pelas barreiras argentinas. O presidente da Cidasc, Enori Barbieri, lembra que antes das restrições argentinas eram embarcadas três mil toneladas por mês.
Hoje, nada é vendido ao país vizinho, afirma Mário Lanznaster, presidente da Aurora. Ele ressalta ainda que o dólar está em um bom patamar para exportar.