No mesmo dia em que a Bayer anunciou a elevação da oferta para a aquisição da Monsanto, o presidente da divisão de proteção de cultivos da Basf, Markus Heldt, declarou que a empresa monitora outras companhias agroquímicas em busca de oportunidades para “completar sua pegada mundial”. A afirmação foi feita nesta terça-feira, dia 6, diante de jornalistas de 25 países, durante a conferência de imprensa da Basf, realizada em sua sede global, em Ludwigshafen, na Alemanha.
Heldt afirma que autoridades antitruste se preocupam com a consolidação do setor de agroquímicos. Essa movimentação envolve, além da eventual aquisição da Monsanto pela Bayer, também a fusão entre Syngenta e ChemChina, o que poderia levar as companhias a vender parte de suas divisões para conseguir a aprovação dos negócios.
A Basf sustenta que somente investiria em aquisições que complementassem seu portfólio, mas não haveria interesse em apenas se tornar uma empresa maior. “Tamanho não é documento, e os produtores querem ter liberdade de escolha e não depender de apenas poucos competidores. A verdade é que todos adoram escolher, e quanto mais competição, melhor para eles”, diz o executivo.
O mercado de sementes não estaria entre as opções que poderiam complementar o portfólio da companhia alemã. O presidente da divisão de proteção de culturas comenta que a parceria com a Embrapa, que resultou no lançamento do sistema Cultivance, soja geneticamente modificada, foi uma experiência bem-sucedida que teve início com o próprio Heldt à frente das negociações do projeto, em sua passagem pela divisão da empresa no Brasil.
“Foi um investimento bem-sucedido, mas o cenário mudou dramaticamente nesse meio-tempo. Hoje, o foco da companhia está em projetos de biotecnologia com herbicidas para controle de invasoras”, diz. O segmento de sementes transgênicas, complementa, abrigaria apenas duas culturas realmente relevantes – soja e milho –, e já estaria muito bem atendido.
Mesmo tendo apresentado um queda da ordem de 18% em um período de 12 meses, o mercado global de proteção de cultivos, segundo a Basf, ainda movimenta um volume muito atrativo, de cerca de U$ 60 milhões de dólares. As vendas dessa divisão da companhia teriam apresentado crescimento de 75% na última década, e a Basf estima que novos produtos dessa categoria com lançamento para o período entre 2015 e 2015 terão um pico de vendas de três bilhões de euros.
*O jornalista viajou a convite da Basf