BDMG financia cultivo de seringueiras em Minas Gerias

Programa de Fomento à Heveicultura visa aumentar emprego e renda nas áreas carentes do EstadoO Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG) está financiando o plantio de seringueiras para agricultores da Zona da Mata, em Minas Gerais. É o Programa de Fomento à Heveicultura, um projeto experimental que pode ser estendido para outros municípios aumentando emprego e renda nas áreas carentes do Estado. O plantio da seringueira, planta da qual se extrai a borracha, é uma iniciativa também apoiada pela Cooperativa de Crédito de Muriaé (Credimur), pela Empresa de Assistência Técnica e Exten

O presidente da Credimur, Nelson Carvalho Schachnik, disse que a Zona da Mata nas últimas três ou quatro décadas perdeu muita renda e atualmente tem uma das menores rendas de Minas Gerais. Segundo ele, com a agricultura em decadência, os agricultores estão descapitalizados e desmotivados.

? Procuramos uma alternativa para a região. Muriaé tem todas as condições climáticas para este tipo de cultura, com estações bem definidas e boa precipitação atmosférica. A borracha de origem vegetal tem um bom mercado e a seringueira é um reflorestamento natural ? explicou.

Heveicultura

Após estudar o projeto, Schachnik verificou que a cooperativa não tinha capital suficiente para viabilizá-lo, e procurou os órgãos do Governo do Estado. Segundo ele, não se trata de fazer com que os agricultores desistam das culturas tradicionais, mas quer mostrar a eles que existe uma opção que pode melhorar a renda. Já está sondando indústrias do setor que queiram se instalar na região.

? Além de boa remuneração, vamos contribuir com o meio ambiente ? disse.

Schachnik tem seringueiras em sua propriedade desde a década de 80. Informou que a renda mensal do agricultor que trabalha na extração do látex em seu seringal está acima dos R$ 2 mil.

O Gerente de Divisão do Departamento de Agronegócios do BDMG, Leonardo Guimarães Parma, disse que até o final do ano deverão ser investidos cerca de R$ 1 milhão no programa. Segundo ele, a previsão é de que em Muriaé sejam financiados de 10 a 15 produtores o que resultaria em aproximadamente 500 hectares cultivados. A cada três hectares pelo menos um emprego será gerado. A seringueira pode ser explorada a partir do sexto ano após o plantio e mantém-se produtiva até o trigésimo. Depois disso, ainda é possível comercializar a madeira.

O professor e pesquisador da Epamig, Antônio de Pádua Alvarenga, um dos maiores especialistas em heveicultura do Estado, acredita que nos próximos anos o preço médio da borracha deverá manter-se acima dos R$3,00/kg. A boa cotação do produto é consequência dos problemas políticos e climáticos enfrentados por países asiáticos, principais produtores e exportadores mundiais de borracha. Além disso, deve-se ressaltar a escassez dessa matéria-prima no mercado nacional. O Brasil foi um dos maiores produtores de borracha natural do mundo, mas, atualmente, importa mais de 60% do que consome. O aumento da produção ajuda a diminuir essa dependência em relação aos países exportadores.

Além das condições favoráveis do mercado, o cultivo de seringueira destaca-se num período em que a preservação ambiental protagoniza os principais debates internacionais. A planta ajuda a proteger o solo e os mananciais, e, ao absorver gás carbônico, despolui a atmosfera, reduzindo os efeitos do aquecimento global.

Esse investimento, na opinião de Parma, reitera o compromisso do BDMG com a inclusão social, o incentivo à economia mineira e a sustentabilidade ambiental.