— O setor passou a viver um ambiente de constantes ameaças, como taxação de exportação de açúcar e proibição de exportações de etanol, e também enfrentou redução da mistura (do anidro à gasolina) para 20% em um momento inoportuno — disse o ex-secretário, que deixou o governo este mês.
As críticas foram feitas em um evento da indústria em Sertãozinho (SP), no mesmo momento em que o Ministério da Agricultura anunciava detalhes do “Plano Estratégico do Setor Sucroalcooleiro”. O programa reúne uma série de incentivos para ampliar a produção do combustível e manter a participação do etanol hidratado entre 50% e 55% na frota de veículos leves e a do anidro em 25% na gasolina.
Para Bertone, com as estratégias do governo, “o setor começou a receber mensagens contraditórias para os investimentos”, e as decisões sobre uma política setorial, que deveriam ser tomadas pelo Conselho Interministerial do Açúcar e do Álcool (Cima), presidido pelo ministro da Agricultura, passaram para “a sala da Presidência da República”.
Bertone ainda comparou as medidas do governo Dilma com as do governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
— No governo Lula, as ações foram mais relacionadas com as decisões de fato; indiscutivelmente, as coisas mudaram — disse.
Presente no evento, José Gerardo Fontelles, atual secretário e sucessor de Bertone, evitou responder as críticas do antecessor e defendeu a presidente.
— Dilma cobra de todos os segmentos as providências necessárias — disse ele, que não quis comparar os dois governos.
O atual secretário de Produção e Agroenergia afirmou ainda que as ações tomadas pelo governo no ano passado ocorreram por conta da escassez do combustível e negou que tenha acontecido uma intervenção estatal que comprometesse os investimentos do setor privado.