A presidente de Embrapa, Silvia Massruhá, e a diretora de Negócios, Ana Euler, participaram do seminário “Bioeconomia e Sociobiodiversidade Amazônica: um potencial eixo de integração dos países da Pan-Amazônia”, coordenado pelo IICA.
O evento integra o conjunto de debates que acontecem em torno do G20 e tem o propósito de discutir a importância da bioeconomia como eixo integrador dos países que têm a floresta Amazônica em seu território.
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A presidente da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) participou do painel de abertura, com Christian Fischer, representante-adjunto do IICA no Brasil, e Patrícia Pinho, diretora-adjunta de pesquisa do IPAM Amazônia. Silvia destacou a atuação das nove unidades da Embrapa na Amazônia Legal. “Temos discutido muito essa agenda da bioeconomia na Amazônia baseada em três pilares: sociobioeconomia, bioeconomia de base florestal e a agro bioeconomia.
Em sua apresentação intitulada Oportunidades e Desafios da Bioeconomia para o Desenvolvimento da Região Amazônica, a diretora Ana Euler destacou o potencial da sociobiodiversidade para agregação de valor da bioeconomia na região.
“Por trás de cada uma das cadeias, de cada uma das tecnologias que vamos apresentar, há uma relação histórica da Embrapa com comunidades, com uma diversidade de instituições, o que significa que as tecnologias e conhecimentos não estão isolados mas associados a processos territoriais ”, afirmou a diretora.
Para a diretora, a bioeconomia não é única, pois dentro da Amazônia, cada país tem uma vocação. “Mesmo quando olhamos para a Amazônia Brasileira, são várias Amazônias”. Segundo o IBGE, são 200 milhões de hectares, mais de 200 etnias e 800 mil estabelecimentos agropecuários rurais.
“Estamos trabalhando um plano estratégico para a ciência, tecnologia e inovação, mercado e negócios para a bioeconomia”, anunciou, destacando a parceria com os ministérios do Meio Ambiente (MMA), Desenvolvimento Agrário (MDA), Desenvolvimento Social (MDS) e Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC).
De acordo com o MDA, o Brasil abriga cerca de 20% da biodiversidade do planeta. São 305 etnias indígenas, 28 segmentos de povos e comunidades tradicionais, 58% do território brasileiro coberto por florestas naturais ou plantadas.
“Portanto, a bioeconomia é um ativo florestal importante, que precisa ser pensado sob o ponto de conservação e do manejo”, afirmou Moisés Savian, secretário de Governança Fundiária, Desenvolvimento Territorial e Socioambiental do MDA reconhecendo que a construção da agenda em termos de políticas públicas ainda está na fase inicial, considerando que o ministério foi recém-criado.
“Um dos desafios é incluir as cadeias da sociobioeconomia da Amazônia no crédito agrícola, pois, atualmente, 90% do crédito para a agricultura familiar no bioma tem foco na pecuária”, complementou o secretário.
Para Ana Euler, embora a Embrapa historicamente tenha ofertado grandes contribuições para políticas públicas transversais à bioeconomia, como o Renovabio e o Plano ABC +, é preciso olhar também para os processos e cadeias produtivas com foco nos territórios e povos tradicionais, fortalecendo redes de pesquisa e priorizando infraestrutura e editais com este olhar.
Ela destacou que a Embrapa está realizando um diagnóstico de sua atuação na Amazônia com foco nos agricultores familiares, identificando as várias economias da sociobiodiversidade e tendo como pilares sistemas produtivos sustentáveis, a valorização do conhecimento local, justiça e inclusão social e a repartição equitativa de benefícios.
Estrutura da Embrapa no bioma
São nove unidades descentralizadas localizadas no bioma amazônico, 1.222 empregados, 75 laboratórios, 63 bancos ativos de germoplasmas e coleções, sendo boa parte de espécies nativas da biodiversidade.
“Para os países amazônicos, gostaríamos que a Embrapa funcionasse como um Hub, com centros de capacitação e intercâmbio de conhecimentos e tecnologias, com laboratórios compartilhados e dispondo de bolsas de mobilidade para apoio a pesquisadores e estudantes da região ”, afirmou, ressaltando que existem atualmente 50 cadeias produtivas e 220 ativos tecnológicos entre cultivares, processos agropecuários, máquinas, equipamentos e softwares. “Da mandioca ao babaçu, passando pelo mel, óleos essenciais, peixes e quelônios”.
Entre os desafios da pesquisa e inovação em Bioeconomia na Amazônia estão o combate às desigualdades, o acesso ao conhecimento, o fomento à assistência técnica e extensão rural pública, a formação de multiplicadores, o acesso ao crédito e às políticas públicas, a construção de uma rede de intercâmbio e comunicação, o acesso a novos mercados com a valorização dos produtos da sociobiodiversidade.
A diretora também enfatizou que no Portfólio Amazônia – que reúne o conjunto de pesquisas da Embrapa e parceiros voltados para o desenvolvimento da Amazônia-, dos 9 desafios de inovação, o considerado mais importante pelos stakeholders (atores regionais representantes de diferentes organizações públicas, privadas e dos movimentos sociais) consultados bianualmente é a agregação de valor.
Como exemplo do trabalho histórico realizado na área da agregação de valor com foco na bioeconomia no bioma, Ana Euler destacou as cadeias produtivas do açaí, babaçu, cupuaçu, pescado, farinha, além de softwares contribuem para a gestão ambiental e produtiva, como o GeoFlora que reúne geotecnologias aplicadas à automação florestal e espacialização dos estoques de carbono em áreas de floresta nativa.
Sob o ponto de vista da Embrapa são caminhos para superar os desafios da bioeconomia na Amazônia: investimento em Pesquisa e Inovação, valorização do território, protagonismo da comunidade, parcerias locais, investimento em inovação aberta e ofertas de editais que induzam ao desenvolvimento local sustentável e investimentos em políticas públicas.
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