A operação reforça o atual estágio de reaquecimento da indústria naval brasileira, avalia a chefe do Departamento de Gás e Petróleo do BNDES, Lúcia Weiver:
? Desde 2004, cada vez cresce mais a indústria. Começou com demanda da Petrobras (de embarcações) de apoio offshore (apoio marítimo). Foi crescendo com o Promef (o Programa de Modernização e Expansão da Frota da Transpetro) e agora com o Promef 2 e a construção de estaleiros ? afirmou.
Weiver revelou que alguns pedidos de financiamento para os novos estaleiros que serão construídos no Brasil já deram entrada no banco. Essa foi uma das prioridades definidas pelo Conselho Gestor do FMM no final do ano passado, totalizando R$ 15 bilhões. Os recursos do fundo incluem a construção de barcos de apoio, navios de maior porte e estaleiros.
Ela lembrou que nem todos os recursos do FMM vêm para o BNDES, porque há outros agentes financeiros. Como existem operações que ainda não foram enquadradas, ela não sabe ainda qual fatia de recursos do fundo será gerida pelo banco.
? As empresas estão conversando com o BNDES e o Banco do Brasil, que são os (agentes) mais ativos ? explicou.
O financiamento aprovado para as sete novas embarcações é o primeiro da segunda fase do Promef 2. O programa prevê a construção de 26 navios-tanque. O Promef 1, também financiado pelo banco com recursos do FMM no valor de R$ 4,7 bilhões, envolveu a construção de outras 23 embarcações do mesmo tipo.
Os projetos integram o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), do governo federal. A expectativa é que sejam gerados 4 mil empregos na etapa de construção dos navios, com desdobramentos positivos sobre diversos segmentos industriais e a cadeia de fornecedores nacionais.
Segundo Lúcia Weiver, o objetivo é a nacionalização dos navios. A meta é atingir um nível de conteúdo nacional de 70%, superando os 60% anteriores. O número considera a aquisição de aço para as embarcações no mercado doméstico. Weiver afirmou que o aumento do conteúdo nacional implica na redução da taxa de juros cobrada no financiamento.
A carteira ativa do BNDES com recursos do Fundo da Marinha Mercante, que engloba operações contratadas e em liberação, soma R$ 11,39 bilhões, dos quais ainda deverão ser desembolsados R$ 9,20 bilhões. Weiver lembrou que se trata de operações de longo prazo, entre 10 e 15 anos.
Este ano, já foram liberados pelo BNDES recursos do FMM no montante de R$ 517 milhões, informou a gerente responsável pelas operações de financiamento a embarcações, Roberta Ramos. Ela estimou que, até o final do ano, os desembolsos do BNDES para o setor atingirão R$ 1 bilhão.