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Na Boleia: Mesmo com agendamento, motoristas enfrentam horas de filas para descarregar cargas no Porto de Santos

O repórter Marcelo Lara e o repórter cinematográfico Flávio Dias chegam ao destino final, o Porto de Santo (SP)Na última reportagem da série sobre infraestrutura e logística para escoar a produção de Mato Grosso até o Porto de Santos (SP), a equipe do Canal Rural mostra nesta sexta, dia 7, como está funcionando o agendamento para a descarga nos terminais.

• Confira mapa interativo com diário de bordo da saga até Santos

Saindo de Rondonópolis, os quilômetros de rodovias vão ficando para trás. As operações “tapa-buraco” são rotina, agilizam de um lado, travam em outros momentos, mas as cargas têm que seguir viagem. Os registros de imprudências são constantes e entram na rotina da pressa para cumprir a entrega. A secretária-executiva do Ministério dos Transportes já enviou técnicos para percorrer o mesmo trajeto. Foram feitos acordos com grandes empresas de logística e postos de combustíveis para garantir pontos de parada para os caminhões.

A Secretaria Especial dos Portos deflagrou a Operação-Safra, que começou no dia 15 fevereiro e vai até 1º de abril. Um dos pontos da operação é no posto fiscal do Alto Araguaia, ainda no Estado de Mato Grosso. No local, foi feito o processo de carimbar a nota, onde se pode ver o esforço para estimular o agendamento no Porto de Santos.

– Nós estamos bem satisfeitos com o resultado, visto que, no dia 18, tínhamos um índice do total de veículos abordados em torno de 54% de não-agendamento; hoje, conseguimos reduzir para 3%, 4% – informa o agente da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), Luiz Carlos Lima.

O governo garante que a criação do agendamento é para organizar o escoamento com mais tranquilidade e evitar o transtorno em plena colheita da safra. Para os transportadores de cargas, as condições das rodovias e a capacidade limitada do porto tiram os efeitos de qualquer ação que não seja investimento em infraestrutura.

Os postos de fiscalização ao longo das divisas dos Estados não comportam mais o volume de caminhões da nova geração de transportadores. O exemplo é um posto fiscal da década de 1970, que está completamente ultrapassado e não tem nenhum tipo de reforma ou investimento especialmente na entrada para os caminhões.

– Infelizmente, isso acontece em vários Estados do país. O Brasil está financiando bilhões na Copa do Mundo e isso aqui é uma vergonha. É só o retrato da nossa realidade – desabafa o caminhoneiro José Valdir Pereira.

Na parte final da viagem, pela rodovia Castelo Branco, o motorista Fábio Veras relata que a viagem é tranquila. Porém, o alto custo dos pedágios é o problema. Em uma praça, localizada na rodovia Anchieta, o caminhão de Veras, de sete eixos, custa R$ 148,40.

O último desafio dos motoristas para chegar ao Porto de Santos é a serra. O cenário é um convite ao turismo, mas a atenção na rodovia deve ser redobrada. Os caminhões são proibidos de ultrapassar, mas os avisos são ignorados.

Foram cinco dias de viagem obedecendo rigorosamente a nova Lei dos Motoristas para chegar até o Porto de Santos. Depois de 2187 quilômetros, o caminhão para no Ecopatio. O motorista Fábio Veras enfrentou fila e conferiu que 36 caminhões estavam na frente. Resultado: só descarregou 23 horas depois da chegada no porto. Os motoristas denunciam a estrutura precária do pátio de triagem. A maior reclamação está ligada ao custo com estacionamento e com alimentação, incompatível com a realidade dos caminhoneiros.

– Por causa da chuva, estamos aguardando. Aqui sempre tem fila, fiquei uma hora e meia dormindo no pátio. Cheguei no dia anterior, por volta das 6h30min na entrada do pátio, porém, fui entrar às 8h. Só em fila a gente perde mais de um dia – afirma o caminhoneiro Daniel Gonçalves.

– O pessoal está meio devagar e acaba congestionando tudo. É fila para o banheiro, para comer, para nota, além da fila para descarregar – reclama o motorista Otávio Pimenta.

– Depois que a gente entra, temos que ficar na fila. É tudo congestionado. Não tem nenhuma orientação nem para estacionar o caminhão. Assim não tem como agilizar o trânsito aqui dentro – desabafa Marcos Alves.

Em médio prazo, as lideranças do agronegócio não apostam no agendamento como solução para o caos do escoamento da safra de grãos. 

– Esse agendamento não resolveu e nunca vai resolver. Resolve apenas a questão de excesso de caminhões no pátio dos terminais portuários. Não temos armazenagem para toda produção, não importa para o produtor se fica no porto atravancado, se fica nos armazéns ou se fica nas estradas. O problema é de armazenagem e logística, que não sei quando o Brasil vai resolver – destaca o diretor da Famato, Nelson Picolli.

• Leia as outras reportagens da série Na Boleia:

>> Equipe do Canal Rural percorre 2 mil quilômetros para acompanhar escoamento de grãos

>> Cumprimento da nova Lei dos Motoristas esbarra em falta de infraestrutura no Mato Grosso

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