O presidente Jair Bolsonaro disse ter convicção de que o Brasil vai superar os eventuais problemas que possam surgir se houver uma crise econômica mundial. Nesta semana, houve pânico nos mercados financeiros de todo o planeta em meio a temores de uma nova recessão na economia global após a divulgação de dados econômicos ruins na China e na Alemanha e a escalada das tensões comerciais entre Estados Unidos e China. Com isso o dólar superou a barreira dos R$ 4, com alta de 1,57% na semana, e a bolsa acumulou queda de 4,03%.
Bolsonaro citou recentes medidas que o Brasil vem adotando e disse que o governo está fazendo o dever de casa. “Pode ter certeza, se não tivéssemos tomado as medidas que tomamos, o Brasil estaria em uma situação bastante complicada. Estamos fazendo o dever de casa. O Brasil estava arrebentado economicamente. Eu tenho esperança, o povo pode acreditar, nós vamos vencer”, disse.
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Apesar de a maioria dos economistas acreditar ser muito cedo para falar em recessão técnica global, depois de dois trimestres consecutivos de PIB negativo, há sinais de que a atividade econômica possa crescer menos de 3% em 2020, patamar considerado crítico por especialistas.
O Itaú Unibanco, por exemplo, projeta uma alta de 3,2% na atividade global neste ano e de 3,1% em 2020. “Mas vemos chance de a economia ficar ainda mais fraca. Estamos no limite de uma recessão. Qualquer choque extra, pode levar o mundo a uma crise”, diz Roberto Prado, economista do banco.
As projeções de PIB ainda estão longe de um número negativo, mas um crescimento da economia global abaixo dos 3% é tido como ruim porque a China costuma distorcer os dados, puxando-os para cima com seus crescimentos superiores a 6%, explica Prado. “Um PIB global inferior a 3% indica que a economia está abaixo do seu potencial, se aproximando de uma recessão”, acrescenta.
A opinião é compartilhada pelo estrategista-chefe do BTG Pactual Wealth Management, João Scandiuzzi: “Tecnicamente, não dá para falar em recessão global, mas a sensação é de crescimento abaixo do potencial”, diz. Em julho, o Fundo Monetário Internacional (FMI) reviu sua estimativa do PIB global para 2019 de 3,3% para 3,2%. Por enquanto, as projeções para 2020 são mais animadoras: alta de 3,5% – até junho, a estimativa do órgão era de 3,6%.
Economista-chefe da XP Investimentos, Zeina Latif destaca que só o fato de se estar discutindo a possibilidade de a economia mergulhar em uma recessão já tem prejudicado o mercado. “Isso machuca o mercado, por trazer muita incerteza. O pano de fundo é muito preocupante. Como não se sabe para onde vai a guerra comercial entre China e Estados Unidos, não é possível saber quando a desaceleração vai parar”, diz.
Para Paulo Leme, professor de finanças da Universidade de Miami, não fosse a guerra comercial, seria possível manter o crescimento global ao redor de 3,2% nos próximos anos. “Se tudo mais fosse constante e congelássemos os atores, poderíamos ter um equilíbrio com crescimento razoável”, diz. Leme destaca ser contra uma redução na taxa básica de juros dos Estados Unidos para tentar alavancar a economia. “A inflação está dentro da meta. É muito preocupante responder com instrumento monetário algo que se pode evitar (uma desaceleração global acentuada pela guerra comercial).