O bloqueio da BR-163 entre Mato Grosso e Pará, provocado por fortes chuvas que atingiram a região e formaram atoleiros, já começa a trazer prejuízos aos produtores e gerar problemas inesperados. As unidades armazenadoras da região estão abarrotadas, sem espaço para receber mais grãos.
Para atender à demanda, as empresas estão realocando cargas para unidades em áreas próximas. A estratégia, entretanto, desagrada os produtores, que estão em plena colheita de soja.
“Eles não estão resolvendo o problema da retirada desse grão para o Porto de Paranaguá ou Santos para poder armazenar a soja que está aqui na região. Nós estamos com medo de perder grão”, diz o produtor Eduardo Sangalleti.
Ele conta que tem contrato para entrega na Cargill de Bom Futuro, em Matupá (MT). “Mas vou ter que remanejar e levar para o município de Novo Mundo, a 100 quilômetros, e pagar um pouco mais de frete”.
Sangatelli afirma que os armazéns da região atingiram sua lotação máxima. “Temos a Nideira, no município de Santa Helena; a Bunge, em Terra Nova; e temos essa de Bom Futuro de Matupá, que também já está finalizado a sua capacidade. Também em Matupá, a Amaggi já nos alertou de que está ficando sem capacidade”, enumera.
A delegada da Associação dos Produtores de Soja (Aprosoja) na região, Cecília Stafuzza, conta que muitos produtores estão revoltados com a situação pois não há procedimentos para resolver efetivamente a questão.
“Fica claro que (o que é proposto) em relação à BR-163 é só conversa. Vergonhasamente, a gente vê caminhoneiros e famílias passando fome e sede, isolados em um local de dificil acesso e a culpa de toda essa revolta e perda de produção é do governo federal”, diz.