O Rio Grande do Sul é o maior produtor de arroz do Brasil, responsável por cerca de 70% da oferta. Por conta da tragédia climática que se abate no estado, a preocupação fica por conta do abastecimento interno.
De acordo com a Companhia Nacional de Abatecimento (Conab), desde 2019 a produção do cereal a nível nacional tem sido estável, entre 10 e 11 milhões de toneladas ao ano, sendo que o recorde foi em 2021, com 11,76 milhões de toneladas.
Para 2024, safra que ainda não está concluída e a previsão da entidade é de 10,49 milhões de toneladas. Segundo o diretor do Canal Rural Sul, Giovani Ferreira, os números também mostram que o Brasil já importa o cereal há anos. Contudo, a compra de um parceiro não tradicional acende o alerta.
No ano passado, por exemplo, foram exportados 1,45 milhão de toneladas e importadas 1,03 milhão de toneladas. “Porém, em 2024, temos um ponto importante de análise e preocupação: a exportação de arroz entre janeiro e abril foi de 270 mil toneladas e a importação de 400 mil toneladas. A importação é recorde no período”.
Assim, Ferreira lembra que esse movimento de compras aconteceu antes da tragédia no Rio Grande do Sul. “Isso mostra que já vínhamos em uma tendência em 2024 de importar mais arroz do que nos anos anteriores”.
De acordo com ele, a maior parte do cereal importado pelo Brasil provém do Paraguai. “Das 400 mil toneladas importadas no primeiro quadrimestre deste ano, 265 mil toneladas vieram do país vizinho, 60 mil da Tailândia, outras 57 mil do Uruguai e 7 mil da Argentina”.
Para o diretor, a compra do arroz tailandês é o que chama a atenção. “O continente asiático é um grande produtor de arroz. Será que esse cereal de lá pode inundar o país com essa decisão de ontem (20) da Câmara de Comércio Exterior (Camex) de zerar a tarifa de importação de arroz?”, questiona.