A constatação é da nova edição do Atlas Nacional do Brasil Milton Santos, lançado nesta terça, dia 14, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A publicação, composta por 548 mapas, 76 gráficos, oito tabelas, seis fotos e 14 imagens de satélite, atualiza informações geográficas sobre o território brasileiro na última década.
De acordo com a geógrafa Adma Hamam de Figueiredo, coordenadora do projeto do IBGE, esses dois movimentos refletem uma redefinição de funções do território, com novas especializações.
? O Brasil tem um território imenso, que está crescendo em termos de distribuição da população e de atividades no território, tanto com a interiorização quanto com novas atividades na região costeira, muito em função da geografia do petróleo, do turismo e da revalorização da exportação e da logística de portos e aeroportos. Isso reflete uma refuncionalização do território, com novas especializações ? explicou.
O documento destaca, ainda, como consequência da interiorização (caracterizada pela expansão da agropecuária com emprego de máquinas e insumos), um processo de urbanização em reforço à atividade em municípios como Sorriso e Lucas do Rio Verde, ambos em Mato Grosso.
Já como exemplos que evidenciam a litoralização, o Atlas aponta o crescimento de cidades como Macaé e Rio das Ostras, no norte do Rio de Janeiro, onde há extração de petróleo; a explosão demográfica do litoral do Espírito Santo, em função do aumento das atividades industriais e portuárias; e do litoral de Santa Catarina, puxada pelo turismo.
A coordenadora do IBGE destacou que os fluxos de migração interestaduais também servem de exemplo da força das grandes cidades e áreas próximas ao litoral na comparação com os fluxos destinados ao interior do país. A grande exceção, segundo ela, constitui a área no Entorno do Distrito Federal, que continua a apresentar enorme capacidade de atração migratória.
A publicação reforça, ainda, que as desigualdades regionais de desenvolvimento não foram plenamente vencidas. A organização do território nacional, implementada pelas corporações e orientada para as exportações, revigorou a diferenciação entre o litoral e o interior e entre o Sul e o Norte-Nordeste do país. População, atividades, portos e companhias exportadoras de minérios localizam-se na faixa costeira e na porção Sul, enquanto no interior da metade Norte as redes e os serviços se tornam cada vez mais escassos.