Em um debate sobre a política europeia de cotas de importação, dois franceses – o presidente da Associação Europeia dos Consumidores de Açúcar (Cius), Robert Guichard, e o presidente da Confederação Geral dos Plantadores de Beterraba da França (CGB), Alain Jeanroy – trocaram farpas ao falar do país.
Primeiro a tomar a palavra, Guichard defendeu os grandes consumidores de açúcar, como as indústrias de alimentos e bebidas.
– A indústria europeia não pode comprar livremente o açúcar por essa política de cotas. A política de cotas não está funcionando. Então, em Bruxelas, só fala uma coisa: mas e o Brasil? E o Brasil? O açúcar brasileiro vai invadir a Europa! Ora, se abrirmos o mercado, temos instrumentos para nos defender – afirmou, ao comentar que o fim das cotas deveria ser adotada a partir de 2015, prazo final para os atuais limites de importação. Além do cargo na Associação, Guichard é executivo na Kraft Foods.
Durante a apresentação, Guichard defendeu o livre acesso ao açúcar não europeu, seja de grandes exportadores como o Brasil ou de pequenos produtores. Alain Jeanroy, representante dos produtores franceses de beterraba, falou em seguida.
– Só peço uma coisa ao senhor Guichard: paciência. Hoje, temos uma diferença de produtividade de cerca de 30% para o Brasil, mas a União Europeia está se tornando cada vez mais produtiva. Vamos chegar lá, não será amanhã, mas vamos chegar lá. Portanto, senhor Guichard, tenha paciência – disse, ao exibir números que mostram que a produtividade das plantações de beterraba tem crescido a uma média anual de 2%.
Ao comentar que toda nova concessão de cota extraordinária para importação de açúcar ou matéria-prima para refino deve ser “muito bem explicada”, o representante da associação agrícola disse ainda que, em relação ao Brasil, é preciso que se mantenha um quadro de regulação por mais tempo.
Defensor da manutenção das cotas europeias de importação até, pelo menos, o ano de 2020, Jeanroy disse, abertamente, que um dos objetivos dessa estratégia é ganhar tempo para aumentar a competitividade e, assim, competir em pé de igualdade com grandes produtores.