Brasil deve importar 2,5 milhões de toneladas de milho em 2015/2016

Consultoria Agroconsut também elevou a expectativa de preço médio para soja no mesmo período

Fonte: Reprodução/Canal Rural

O Brasil deve importar 2,5 milhões de toneladas de milho ao longo da temporada 2015/2016, para atenuar a escassez do produto no mercado interno, projeta a consultoria Agroconsult. De acordo com o analista Fabio Meneghin, a maior parte desse volume virá da Argentina e dos Estados Unidos. Nas últimas temporadas, o volume importado pelo Brasil não superava 1 milhão de toneladas.

Com a taxa de câmbio favorecendo as exportações do cereal brasileiro nos últimos meses do ano passado e também no início de 2016, o volume embarcado pelo Brasil no ciclo 2014/2015 superou as expectativas e reduziu drasticamente a disponibilidade interna de milho. “A vantagem do milho brasileiro sobre o norte-americano chegou a R$ 9 a saca nos primeiros meses deste ano”, explicou Meneghin.

A Agroconsult estima que o estoque de passagem ao fim de 2015 era de 5,2 milhões de toneladas, ante 13,3 milhões de toneladas um ano antes. “Não ficou milho no Brasil”, comentou ele. Por isso, a necessidade de importar um volume mais expressivo do cereal de outros países.

Com exportações projetadas em 34,3 milhões de toneladas e produção total de 78,8 milhões de toneladas em 2015/2016, o volume armazenado no país no fim deste ano deve ser ainda menor, de 4,2 milhões de toneladas.

Outra questão abordada pela Agroconsult foi o desequilíbrio entre oferta e demanda no país, que fez com que os preços no mercado doméstico se descolassem daqueles verificados na Bolsa de Chicago. Na avaliação da consultoria, esse cenário deve se repetir nesta temporada.

De acordo com a Agroconsult, 28,7 milhões de toneladas da safrinha dos estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e Paraná foram vendidas antecipadamente e estão comprometidas para exportação. Contudo, em um cenário de preços internos mais elevados do que os internacionais, a expectativa é de que parte desses contratos para exportação sejam cancelados. “Os traders têm indicado que a diferença de preço é tão grande que passa a valer a pena cancelar esses acordos para exportação e vender no mercado interno”, apesar de terem que arcar com os custos do cancelamento, explicou Meneghin.

Estimativa para o milho

Na terça, dia 3, a Agroconsult reduziu em 4% a sua estimativa para a produção de milho segunda safra no Brasil no ciclo 2015/2016, que deve ser de 52,5 milhões de toneladas. A primeira safra foi estimada em 26,3 milhões de toneladas.

Soja

A Agroconsult projetou que a cotação média de soja na Bolsa de Chicago (CBOT) será de US$ 9,50 por bushel a longo da temporada 2015/2016. O número representa alta em relação à projeção divulgada anteriormente, de que os preços ficariam em torno de US$ 9 por bushel. De acordo com Fabio Meneghin, sócio analista da Agroconsult, “esta safra deve ser a primeira em que se registra déficit de produção no mercado mundial, após três safras consecutivas de acúmulo de estoques”. Na projeção da Agroconsult, a produção mundial no ciclo atual será de aproximadamente 315 milhões de toneladas, enquanto o consumo deve totalizar 318 milhões de toneladas.

Para a safra 2016/2017, a oferta mais apertada torna o cenário “ainda mais construtivo” para os preços, afirmou o analista. A Agroconsult projeta que a cotação da oleaginosa na CBOT deve ficar, em média, em US$ 10,50 por bushel no próximo ciclo. Em fevereiro, a consultoria previa que os preços deferiam ficar entre US$ 9,50 a US$ 10 por bushel na próxima temporada. Ontem, a soja fechou o pregão cotada a US$ 10,30 por bushel.

A redução da produção na Argentina e nos Estados Unidos deve dar suporte aos preços. Na Argentina, as perdas causadas pelas fortes chuvas levaram à diminuição da área a ser colhida. Enquanto isso, nos Estados Unidos, já no ciclo 2016/2017, as lavouras devem ser afetadas pelo fenômeno climático La Niña, que normalmente reduz o rendimento das lavouras. A Agroconsult projeta que a área semeada nos EUA será de 32,9 milhões de hectares, com produtividade média de 51,4 sacas por hectare, abaixo das 53,8 sacas por hectare da safra 2015/16. Com isso, a produção do país norte-americano deve cair 5,5% ante a ciclo anterior, para 101 milhões de toneladas.

Em contrapartida, a demanda da China não deve recuar. “A economia da China está desacelerando, mas em bens duráveis e mercado imobiliário. O consumo de proteína, soja, óleo e farelo, não deve desacelerar”, explicou o analista. O país asiático deve importar, em 2015/2016, 85 milhões de toneladas, ante 78 milhões de toneladas na temporada passada. Para a safra 2016/2017, a Agroconsult espera a manutenção do volume de compras em 85 milhões de toneladas.