Brasil discute alternativas para substituir importações de trigo argentino

Reinhold Stephanes faz proposta para plano de custeio da safra de invernoA situação do Brasil em relação ao trigo está entre as principais discussões do dia entre o governo e o setor privado. A primeira delas será entre o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge, e o presidente da Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo), Sérgio Amaral. Eles devem discutir a substituição das importações do cereal da Argentina pelas de outros países.

Em outra audiência, no Ministério da Agricultura (Mapa), o ministro Reinhold Stephanes está reunido neste momento com representantes do governo do Paraná e de cooperativas de produtores de trigo do Estado para propor um plano de custeio da safra de inverno, que começa a ser plantada entre abril a maio, e também de comercialização do produto após a colheita, a partir de agosto.

À tarde, a partir das 14h, a Câmara Setorial da Cadeia Produtiva de Culturas de Inverno, órgão consultivo do Mapa, analisará a conjuntura nacional e internacional do trigo e a estratégia do setor para a safra deste ano e de 2010.

Em relação às importações, o país precisa resolver um problema causado pela queda brusca na produção de trigo da Argentina, que deve cair de 16 milhões de toneladas na última safra para menos de 9 milhões na atual. Como os argentinos são nossos principais supridores brasileiros, é preciso encontrar novos parceiros, pelo menos neste momento de queda da produção no país vizinho.

Os importadores lembram que produto comprado do Mercosul tem tarifa zero de importação, enquanto que o de outros países pagam a Tarifa Externa Comum (TEC) de 10%. Uma primeira solução apresentada pelo governo seria a compra de trigo russo, que é mais barato. Além disso, a importação do cereal da Rússia poderia entrar como moeda de troca em acordos de exportação da carne suína brasileira para aquele mercado, hoje o principal comprador do produto nacional.

Já em relação à produção e comercialização, os produtores pedem incentivos de crédito e garantia de preços mínimos para que a produção possa aumentar e chegar mais próximo à auto-suficiência. O Brasil consome 10,2 milhões de toneladas de trigo anualmente, enquanto sua produção deve ser de 6 milhões de toneladas nesta safra, mas foi de 4 milhões na passada e pouco mais de 2 milhões a anterior.