Durante duas semanas – 22 de fevereiro a 04 de março – os pesquisadores mexicanos do Instituto de Biotecnologia da Universidade Autônoma do México, Alejandra Bravo e Mario Soberón, estiveram na Embrapa Recursos Genéticos e para desenvolver estudos no Laboratório de Bactérias Entomopatogênicas (LBE), coordenado pela pesquisadora Rose Monnerat.
Várias pesquisas estão sendo conduzidas em cooperação entre os pesquisadores brasileiros e mexicanos. A parceria começou em 2001, a partir de um projeto financiado pelo CYTED – Programa Iberoamericano de Ciencia y Tecnología para el Desarrollo, que reuniu 10 grupos de pesquisa de sete países latino-americanos. “O projeto terminou em 2006, mas a nossa parceria com a Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia continuou e se fortaleceu nos últimos três anos”, explica Alejandra.
Segundo informações da Embrapa, o foco da cooperação é a bactéria Bacillus thuringiensis, conhecida como Bt, e que já é utilizada em pesquisas de controle biológico em todo o mundo há mais de 40 anos, sem nenhum registro de resistência no mosquito Aedes aegypti. A bactéria é entomopatogênica, o que significa que é específica para controlar o inseto-alvo e, portanto, completamente inofensiva a qualquer ser vivo. Prova disso é que conta com aval da Organização Mundial de Saúde (OMS), que recomenda o seu uso até mesmo na água para consumo humano.
Outros estudos avaliam as toxinas da bactéria Bt
Alejandra e Rose Monnerat falam também sobre outros estudos desenvolvidos em parceria para controlar insetos que atuam como pragas agrícolas, como a lagarta do cartucho do milho (Spodoptera frugiperda) e o bicudo do algodoeiro. Durante a estadia no Brasil, os pesquisadores mexicanos visitaram o Centro de Treinamento e Difusão Tecnológica do Instituto Mato-grossense do Algodão (IMAmt) com o qual a Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia mantém parceria. “É bem provável que essa cooperação seja estendida também ao instituto mexicano”, ressalta Alejandra.
A base para todo o trabalho com bactérias na Embrapa é o banco mantido no Laboratório de Bactérias Entomopatogênicas, que hoje conta com mais de 2.800 linhagens. “Estamos investindo no sequenciamento dos genomas das estirpes de bactérias que compõem o banco. Já temos 13 sequenciadas, com mais de 70 genes identificados”, afirma Rose Monnerat.
Além disso, as equipes de cientistas do Brasil e do México estão desenvolvendo testes com as toxinas do Bt para estudar mecanismos de resistência de insetos a essa bactéria.