O Brasil pode importar este ano por volta de 50 aeronaves agrícolas do modelo turbo-hélice, com motor mais potente, de maior capacidade de aplicação de defensivos e autonomia de voo. A projeção é do diretor da área de importação de aeronaves da Razac Trading, Luiz Ferraz. “Isso daria um crescimento de 56% em relação às 32 unidades adquiridas no exterior no ano passado”, informa Ferraz.
O aumento seria impulsionado pela alta nos preços dos grãos – principalmente soja, que é exportada, do milho e também da safra de grãos de maneira geral em 2017/2018, que mesmo não alcançando o recorde da anterior, será a segunda maior da história, com 229,53 milhões de toneladas de grãos, conforme a mais recente previsão da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
“Uma aeronave dessas custa em torno de US$ 800 mil a US$ 1,3 milhão”, acrescenta o executivo. Não há linha de crédito rural oficial no Brasil que permita a aquisição desse tipo de equipamento e por isso os compradores recorrem a linhas dos Estados Unidos – país de origem dessas aeronaves -, que financiam até 80% do valor total.
O perfil de clientes são tanto as empresas prestadoras de serviço de pulverização agrícola, além de grandes produtores, com lavouras acima de 5 mil hectares. “Em áreas muito extensas, de cerca de 20 mil hectares, é possível até comprar mais de uma aeronave”, diz o diretor da Razac.
Segundo ele, compensa mais, financeiramente, utilizar aviões mais rápidos e potentes, e com maior capacidade do tanque de defensivos, do que as menores, com motor a pistão, ou até pulverizadores terrestres. “Em grandes extensões de terra o custo da aquisição de um turbo-hélice é compensado com o aumento da produtividade”, diz.
O Estado que mais importa essas aeronaves no Brasil é Mato Grosso, em função das grandes e planas extensões de lavouras de soja, milho e algodão, principalmente. Em São Paulo, usinas de açúcar e etanol são as principais adquirentes. No Paraná, culturas de soja e milho também têm demanda para essas aeronaves mais potentes.
Ferraz comenta que, mesmo com a alta recente do dólar, que ultrapassou os R$ 3,55 esta semana, ainda é vantajoso produtores investirem nos turbo-hélices. “Esse modelo representa um ganho maior em relação ao modelo de pistão, que possui motor mais fraco e carrega menos produto”, diz.
Além disso, boa parte das commodities agrícolas também é vendida pela cotação do dólar, o que neutralizaria a alta da moeda norte-americana.
Há, porém, obstáculos para importar uma aeronave agrícola, principalmente a burocracia envolvida. Ferraz explica que o tempo entre a efetivação do pedido e a chegada da aeronave em solo brasileiro é em média de três a seis meses. “Só o processo de nacionalização dura em torno de 30 dias”, segundo o diretor da Razac.
Assim, geralmente, quem adquire uma aeronave agora só vai poder utilizá-la efetivamente na safra 2018/2019. O diretor acrescenta, ainda, que a tributação incidente sobre esse equipamento é favorável à sua aquisição: “Não há IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), a taxa de Cofins (Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social) é de 1% e, em alguns Estados, como Mato Grosso e Bahia, o ICMS (Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços) é zero”, diz.