As exportações de soja em grão, em 2020, seguem muito acima dos recordes observados em 2018. Até o momento, todos os meses do ano atual apresentaram números muito acima daqueles de dois anos atrás. Inclusive junho, que segundo a Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec), deve fechar em 11,9 milhões de toneladas.Mas será que o país irá fechar o ano com vendas superiores a 82 milhões de toneladas? Para o presidente da entidade, teria que surgir soja para isso. Entenda!
O mês de junho deve fechar com novo recorde mensal para as exportações de soja do Brasil. Segundo estimativa da Anec, o país vendeu 11,9 milhões de toneladas no mês, ou seja, 36,9% a mais que o mesmo período de 2019 (8,7 milhões de toneladas) e 22,7% a mais que o recorde de 2018 (9,7 milhões de toneladas).
Aliás, se comparar cada um dos meses anteriores, todos superaram os recordes de 2018, como mostra a tabela abaixo:
O resultado disso é que, no acumulado dos primeiros 6 meses do ano, o Brasil exportou um total de 61,655 milhões de toneladas de soja em grão, 36,57% a mais que as 45,1 milhões de toneladas do mesmo período de 2019 e 23,1% a mais as 50,083 do acumulado de 2018.
“A perspectiva é chegar ao fim do ano com 78 milhões de toneladas vendidas ao exterior. Isso, claro, se não tiver nenhuma surpresa. Se tivesse mais soja, daria para passar disso facilmente”, afirma o presidente da Anec, Sérgio Mendes.
Mas, quanto falta para exportar as 78 milhões de toneladas?
Se as perspectivas da Anec estiverem certas, incluindo julho (7,247 milhões de toneladas), o Brasil teria que vender ao exterior uma média mensal de 1,819 milhão de toneladas, de agosto a dezembro, para atingir as tais 78 milhões de toneladas em 2020.
Para ter uma ideia do que isso significa comparativamente, em 2018, ano do recorde nacional, de agosto a dezembro o Brasil vendeu 24,519 milhões de toneladas (média de 4,903 milhões de toneladas por mês).
Mas esse dado recorde é complicado de usar, pois havia um cenário favorável para aquilo acontecer (guerra comercial entre China e EUA, safra recorde no Brasil, etc).
Então vamos comparar com 2019. De agosto a dezembro o Brasil exportou 21,292 milhões de toneladas (média de 4,258 milhões de toneladas por mês). Mas segundo Mendes, nenhuma das duas datas podem ser usadas para esta nova estimativa.
“Apesar de a análise matemática fazer sentido, na realidade isso não funciona. É preciso ter soja para que isso dê certo e o Brasil já negociou muito até o momento. Ainda há o mercado interno para abastecer e ele tem demandando mais soja. Por isso não acredito que iremos passar tanto dessas 78 milhões de toneladas”, afirma.
Quando indagado quanto a pequena quantidade que irá sobrar para vender até dezembro e se produzindo mais como nesta safra o Brasil não teria mais para vender, Mendes até brincou.
“Olha, só se o pessoal está escondendo soja, porque pelos dados oficiais não teremos mais para vender. O que 2018 e 2019 comprovaram é que não tínhamos um controle correto dos estoques e surgiu mais para vender. Se isso acontecer de novo, aí sim podemos fechar com números melhores ainda”, diz.
China segue como principal comprador
Os chineses seguem como principais compradores de soja em grão do Brasil. Nos primeiros 6 meses deste ano adquiram 72% dos 61,655 milhões de toneladas exportadas pelos brasileiros. Isso representa um total de 44,390 milhões de toneladas.
Line-up mostra mais vendas
A programação de embarques nos portos brasileiros (line-up), indica um volume de 12,119 milhões de toneladas de soja em grão para junho, conforme levantamento realizado pela consultoria Safras & Mercado.
O total já embarcado é de 11,681 milhões toneladas. Em maio, foram embarcadas 14,001 milhões de toneladas. Para julho, programação aponta 7,309 milhões de toneladas.
De janeiro a junho, o line-up aponta o embarque de 61,856 milhões de toneladas. Em igual período do ano passado, foram embarcadas 45,425 milhões de toneladas. A Secretaria do Comércio Exterior (Secex) indica 57,494 milhões de toneladas no período.