O anúncio do compromisso brasileiro de redução, feito há cerca de um mês, derrubou um dos principais argumentos dos países ricos para não apresentarem metas de redução ambiciosas – o de que os grandes emissores em desenvolvimento também teriam que assumir cortes de gases de efeito estufa. Depois dos números brasileiros, a China e a Índia anunciaram compromissos voluntários de redução. Os Estados Unidos prometeram cortar as emissões em 17% até 2020.
Saiba mais no blog Diário de Copenhague
? O Brasil vai chegar em Copenhague com a moral elevada. A pressão da opinião pública fez o Brasil assumir compromissos e influenciar outros países. Nem todos os problemas serão resolvidos [durante a reunião], mas vamos conseguir arrancar recursos para começar programas de mitigação e de adaptação e os países vão assumir compromissos mais fortes ? aposta o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc.
A meta brasileira, voluntária, deve evitar o lançamento de cerca de 1 bilhão de toneladas de gases de efeito estufa na atmosfera até 2020, segundo cálculos do governo. O balanço mais recente de emissões do país, com dados de 2000, mostra que em 15 anos as emissões nacionais cresceram 62%. O desmatamento ainda é o maior vilão, por isso o governo sustenta grande parte da meta no objetivo de reduzir em 80% as derrubadas na Amazônia.
A definição de um instrumento para compensar a redução de perda de carbono pelas florestas, o mecanismo de Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação (REDD), está na lista de prioridades dos negociadores brasileiros na COP. A inclusão de um mecanismo para florestas no novo acordo climático global é quase certa, mas falta definir como os países que mantêm a floresta em pé serão financiados.
Chefiada pela ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, que recentemente passou a comandar a discussão climática dentro do governo, a delegação brasileira terá integrantes dos ministérios das Relações Exteriores (Itamaraty), do Meio Ambiente, da Ciência e Tecnologia e da área econômica. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva também já confirmou presença em Copenhague.
O ministro Carlos Minc, que chegou a dizer que a COP-15 corria o risco de “naufragar” por causa da posição reticente dos países em assumir metas e compromissos para costurar um novo acordo, agora acredita que o cenário está mais promissor.
? Já estive muito mais pessimista. Havia um grande abismo de desconfiança entre os países desenvolvidos e os em desenvolvimento. Hoje estou mais otimista ? afirmou.