Neste encontro em São Paulo, especialistas em biodiesel do Brasil e de outros países se reuniram para discutir os desafios do setor. Atualmente, não é possível exportar biodiesel para a União Européia. O motivo é a exigência do bloco de que haja uma redução de 35% na emissão de gases causadores do efeito estufa, quando comparada a produção do biodiesel ao diesel convencional.
O produto brasileiro está no patamar de 31% de redução quando a matéria-prima é soja, um padrão aceito no mercado norte-americano, por exemplo. Segundo o pesquisador da Embrapa, o Brasil teria que negociar com a União Europeia e pedir a reavaliação destes índices.
? Essa é uma questão que sim precisa ser revisitada, precisa ser rediscutida e precisa se gerar evidências para mostrar que há uma contraposição à posição européia ? aponta Manoel.
O pesquisador holandês da Utrecht University, Andre Faaij, que também participou do encontro, discorda e afirma que os limites de redução de emissão de gases de efeito estufa não são negociáveis.
? Os critérios de sustentabilidade do biodiesel são cruciais e não se trata de uma barreira comercial. O controle da emissão e do impacto ambiental na produção não podem ser questionados ? opina.
O Brasil tem capacidade instalada de produção de mais de seis milhões de litros de biodiesel. Mas o volume processado é bem menor do que isso, cerca 2,5 milhões de litros, absorvidos completamente pelo mercado interno. No ranking mundial, o Brasil é o número um em consumo, mas fica na vice-liderança em produção.
Para acessar o mercado internacional, outra alternativa é diversificar a matéria-prima do biocombustivel. Hoje 80% do biodiesel vem da soja, mas existem pesquisas com vários produtos, como a canola, o girassol e o dendê.
? O percentual de redução de emissão de gás estufa no processo de produção do biodiesel a partir de soja hoje está no limite do que a União Européia deseja. Só que esses limites estão aumentando. Muitas dessas novas matérias-primas já estão no padrão que vão de encontro com as demandas da União Europeia e desses aumentos que vão existir ? explica o chefe geral da Embrapa Agroenergia.
Os analistas concordam que o Brasil tem como se tornar uma potência exportadora de biodiesel, mas para isso é preciso fazer a lição de casa e enfrentar estas questões.
O professor holandês concorda. Ele aponta que, apesar da União Europeia ter muito potencial de produção, é mais vantajoso economicamente a importação. Isso sinaliza que o mercado estaria aberto ao produto brasileiro.