O Brasil possui um déficit de capacidade de armazenagem de 118 milhões de toneladas de grãos. A cada safra, nos últimos 15 anos, a produção cresce cerca de 10 milhões de toneladas, enquanto a armazenagem apenas a metade de tal volume. Segundo especialistas, o país necessita de no mínimo R$ 15 bilhões em investimentos todos aos anos em armazenagem para ao menos acompanhar o crescimento da produção.
A armazenagem no Brasil e os riscos da sua falta são alguns assuntos debatidos no programa Direto ao Ponto desta semana com Paulo Bertolini, diretor da Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho) e da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq).
Paulo Bertolini pontua que a indústria brasileira possui capacidade tecnológica e fábricas suficientes para atender a demanda, tanto que comercializa para mais de 40 países silos, secadoras e limpadoras, por exemplo.
“O que está faltando hoje é a disponibilidade de linha de crédito suficiente para atender a demanda e necessidade brasileira. O Plano Safra atual veio com R$ 6,65 bilhões, 30% a mais do que o ano passado. Então houve um esforço no entendimento de que nós estamos beirando um caos em função da falta de armazéns no Brasil”.
Milho é o primeiro a ser afetado
De acordo com Bertolini, o milho é o primeiro grão a ser afetado caso a situação de armazenagem não seja resolvida. Ele salienta que a competição do cereal com a soja por espaço nos armazéns é algo “difícil”, pois o milho possui baixo valor agregado e chega a produzir duas vezes e meia a mais em um hectare do que a oleaginosa.
“Então, o milho é o primeiro grão a ser afetado se o ritmo de armazenagem não for corrigido, não for acelerado nos próximos anos”.
PCA precisa ser vocacionado
A criação do Programa para Construção e Ampliação de Armazéns (PCA), segundo Bertolini, foi um grande avanço para a agricultura brasileira.
“Agora a gente precisa aprimorar o PCA e o mais importante é vocacionar ele para armazenagem a nível de fazenda. Os Estados Unidos conseguem armazenar mais que uma safra e meia e mais de 60% da capacidade estática de armazenamento está dentro das fazendas. No Brasil temos um déficit de 118 milhões de toneladas e só 15% da nossa capacidade está nas fazendas”.
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