Brasil quer mudar sistema de exportação de carnes para Rússia

País é o maior comprador individual do produto in natura brasileiroO Brasil quer que o sistema de cotas de exportação de carnes para a Rússia seja substituído por um regime de tarifas. Este foi um dos assuntos discutidos em um encontro do Conselho Empresarial Brasil-Rússia, realizado nesta quarta, dia 6, em São Paulo.

Autoridades dos dois países devem retomar a discussão na próxima semana, quando está prevista uma visita do ministro Wagner Rossi ao território russo. No evento, que reuniu cerca de 100 empresários, também foi divulgada a construção de uma fábrica de fertilizantes no Estado de Mato Grosso do Sul, com investimento do país europeu.

Entre os temas do encontro, novas parcerias entre Brasil e Rússia em áreas como nanotecnologia, bioenergia e aviação. No ano passado, o fluxo de comércio entre os países atingiu US$ 4 bilhões. Dos 10 primeiros produtos da pauta de exportação do Brasil para a Rússia, todos são do agronegócio, como açúcar, carnes bovina e suína, fumo e café.

Este ano, de janeiro a agosto, as exportações ultrapassaram mais de US$ 2,5 bilhões. Somente de carne bovina, o Brasil embarca o equivalente a US$ 1 bilhão por ano, o que torna a Rússia o maior comprador individual de carne in natura brasileira.

Mas segundo representantes brasileiros, o país ainda sofre com barreiras econômicas e ambientais e aumentar o comércio com russo depende de uma mudança nesta situação.

Uma proposta é mudar dos atuais sistemas de cotas de exportação para um regime da tarifas, principalmente no setor de carnes. No entanto, o presidente da seção russa no Conselho Empresarial, Sergei Vasiliev, mantém posição favorável ao sistema de cotas.

Durante o encontro, foi mencionada também a construção de uma fábrica de fertilizantes em Mato Grosso do Sul, com investimento russo. O aporte de recursos deve ser de US$ 1 bilhão, com início das operações previsto para daqui a três anos.

Representantes russos disseram apenas que estão preocupados com o preço do gás natural. Segundo eles, o gás no Brasil custa cerca de US$ 10,00 por unidade BTU. A média mundial é de US$ 2,00 e, na Rússia, o valor chega a US$ 0,70. O embaixador brasileiro na Rússia, Carlos Antônio da Rocha Paranhos, acredita que o governo vai resolver a questão.