Brasil é o segundo país que mais cultiva transgênicos, diz relatório

Pesquisa da ISAAA calcula que 497 milhões de quilos de defensivos químicos deixaram de ser usados no mundo graças à adoção de transgênicos resistentes a insetosO Brasil ocupa o segundo lugar entre os países que mais cultivam variedades geneticamente modificadas de grãos e fibras do mundo, perdendo apenas para os Estados Unidos, onde o primeiro transgênico foi lançado em 1996, conforme documento divulgado nesta quinta, dia 13, pelo Serviço Internacional para Aquisição de Aplicações em Agrobiotecnologia (ISAAA, na sigla em inglês), organização não governamental apoiada por entidades dos setores público e privado.

Em 2013, os produtores brasileiros cultivaram 40,3 milhões de hectares com soja, milho e algodão transgênicos, enquanto os norte-americanos semearam 70,2 milhões de hectares. A Argentina ficou em terceiro lugar, com 24,4 milhões de hectares, seguida por Índia (11 mi/ha), Canadá (10,8 mi/ha), China (4,2 mi/ha), Paraguai (3,6 mi/ha), África do Sul (2,9 mi/ha), Paquistão (2,8 mi/ha), Uruguai (1,5 mi/ha), entre outros, mostrou o levantamento.

Entre 2012 e 2013, o Brasil registrou aumento de 10% na área plantada, com adoção de 92% para a soja, 90% para o milho e 47% para o algodão.

– Os transgênicos permitiram a intensificação da produção global e, principalmente, brasileira, contribuindo para evitar que a agricultura disputasse área com reservas de biodiversidade nos 27 países em que são cultivados – observou Anderson Galvão, representante do ISAAA no Brasil, no documento.

O órgão calcula que 497 milhões de quilos de defensivos químicos deixaram de ser usados graças à adoção de transgênicos resistentes a insetos (Bt) e a herbicidas entre 1996 e 2012. Só em 2012, a ISAAA estima, ainda, que 26,7 bilhões de quilos de dióxido de carbono, um volume equivalente à emissão de 11,8 milhões de carros em um ano, deixaram de ser lançados na atmosfera com o plantio de cultivares geneticamente modificadas. A economia foi obtida com a menor movimentação de maquinário, decorrente da redução de tratamentos na lavoura e da aragem.

O relatório da ISAAA ainda informa que os transgênicos diminuíram a necessidade de área plantada em 123 milhões de hectares entre 1996 e 2012. Segundo a pesquisa. essa área, com aproximadamente o tamanho do Estado do Pará, seria demandada, caso a produção atual de 377 milhões de toneladas de alimentos e fibras adicionais não fossem produzidas por lavouras geneticamente modificadas (GM) no mesmo período.

– Os transgênicos permitiram a intensificação da produção global e, principalmente, brasileira, contribuindo para evitar que a agricultura disputasse área com reservas de biodiversidade nos 27 países em que são cultivados – afirma Anderson Galvão, representante do ISAAA no Brasil.

Ainda de acordo com o relatório, os transgênicos são vitais para reduzir o avanço de fronteiras agrícolas e garantir a produção de alimentos, mas devem ser combinados com outras práticas agrícolas.

– Rotação de cultivos, manejo da resistência e práticas conservacionistas como o plantio direto são exemplos de técnicas necessárias tanto em lavouras transgênicas como em convencionais, na perspectiva de uma agricultura sustentável – elenca Galvão. 

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