Para driblar a alta de preços o governo federal anunciou medidas para facilitar a compra de trigo, um dos poucos produtos que o país importa, assim como outras iniciativas para impulsionar a produção agrícola, que este ano voltará a ser recorde.
Na contramão desta tendência, a América Latina, mesmo sendo uma região exportadora, registrou aumento de 6 milhões no número de famintos por causa do aumento nos preços dos alimentos e dos combustíveis e provocou um retrocesso à situação do início desta década.
Segundo o escritório da FAO para a América Latina e o Caribe, a crise dos dois últimos anos elevou para 51 milhões a quantidade de pessoas que vivem na miséria.
? A região tem superávit de alimentos. No entanto, a desigualdade na distribuição de renda dificulta o acesso de muitas famílias aos alimentos ? declara a FAO.
No entanto, “a situação pode piorar ainda mais por causa da inflação e de uma possível recessão ou desaceleração do crescimento econômico”, considerando que, “nos últimos anos, cresceu a um ritmo que não era visto desde o início dos anos 1970”.
Os países mais prejudicados são os importadores de alimentos e energia, como os da América Central e do Caribe, enquanto as nações andinas estão promovendo a recuperação dos alimentos originais para diminuírem sua dependência das importações e fortalecer sua soberania alimentícia.
Por isto, os países do Cone Sul, que são exportadores de alimentos, minerais e outras matérias-primas, estão se beneficiando do aumento dos preços. No entanto, a restrição do acesso ao crédito como conseqüência da crise financeira pode dificultar sua capacidade de exportação, adverte a FAO.
Esta instituição propõe tanto medidas urgentes para solucionar as situações mais urgentes derivadas do aumento dos alimentos, como mudanças estruturais a longo prazo que permitam garantir a segurança alimentar na América Latina.
Segundo dados da FAO, um em cada 10 habitantes sofre de desnutrição na América Latina, onde reduzir a fome à metade até 2015 (um dos Objetivos do Milênio da ONU) requereria que 3 milhões de pessoas deixassem de viver na miséria a cada ano.