Com o objetivo de contestar o modelo agroexportador de soja adotado majoritariamente pelos proprietários brasiguaios, os trabalhadores rurais paraguaios resolveram plantar, na mesma área, as culturas do gergelim e da mandioca.
O departamento de San Pedro, ao norte de Assunção (a capital paraguaia), é considerado o terreno mais fértil para a agricultura no país. Paradoxalmente, a região é, também, a mais pobre do Paraguai. Foi lá que, durante 10 anos (até pouco antes de ser eleito), Fernando Lugo exerceu suas funções como bispo católico.
De acordo com o jornal ABC Color, cerca de 120 trabalhadores rurais ? não alinhados com as principais organizações de sem-terra paraguaias ? invadiram, em um primeiro momento, duas fazendas de 600 hectares cada, proibindo que proprietários de origem brasileira começassem a semear soja. O episódio ocorreu no distrito de Lima. Depois, uma terceira foi invadida.
Lugo busca recursos para a reforma agrária
Não havia ocorrido, até ontem, uma intervenção das autoridades, que abordam o tema fundiário com cautela. O líder do grupo, Florencio Martínez, disse que a invasão era o “início da retomada da soberania territorial paraguaia”. Além disso, houve uma advertência para que os fazendeiros esquecessem definitivamente da soja.
Os trabalhadores rurais ameaçam invadir 20 fazendas de brasileiros nos próximos dias. Um total de 64 está na mira. Os sem-terra já criticam o governo por, segundo eles, demorar para implementar a reforma agrária. Lugo pediu, a partir de 15 de agosto, um prazo de cem dias para buscar financiamento para seus projetos de reforma agrária. Por enquanto, não conseguiu o dinheiro necessário para a iniciativa.