British Petroleum anuncia novos investimentos no setor sucroenergético

UNICA diz que ampliação de presença da BP aponta para maior consolidação no setorDuas transações foram anunciadas pela British Petroleum (BP) em setembro: a aquisição de 100% da Tropical BioEnergia e de mais 3% das ações da Companhia Nacional de Açúcar e Álcool (CNAA) por um total de US$ 100 milhões. São novos lances em um processo de consolidação que deve continuar ainda por algum tempo no setor sucroenergético brasileiro. Para o presidente da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), Marcos Jank, operações desse tipo refletem a busca por ganhos de eficiência e escala p

 ? Em 2005, os quatro maiores grupos do país eram responsáveis por 16% da moagem nacional de cana-de-açúcar, participação que cresceu para 28% na safra 2009/2010. No período 2010/2011, os dez maiores grupos controlaram 32,77% da cana processada no Brasil ? observa Jank.

O presidente da BP Biofuels Brasil, braço da gigante petrolífera no segmento de biocombustíveis, Mario Lindenhayn, confirma a aposta no potencial do biocombustível fabricado a partir da cana-de-açúcar.

? Este acordo, somado a outras aquisições recentes, estabelece uma sólida plataforma para a expansão de nossa capacidade de fornecimento de etanol para os mercados doméstico e internacional ? afirma.

US$ 100 milhões em investimentos na CNAA e Tropical Bioenergia

Em negociação fechada por US$ 75 milhões, a BP adquiriu os 50% restantes da Tropical Bioenergia, formada pelas companhias Maeda S. A. Agroindustrial (25%) e LDC-SEV Bioenergia S. A. (25%). A nova proprietária e operadora da usina em Edéia, Goiás (GO), prevê que após expansão na área agrícola e industrial, a planta terá capacidade de moer cinco milhões de toneladas de cana em 2012. A pleno funcionamento, a usina produzirá anualmente cerca de 450 milhões de litros de etanol e poderá também comercializar 250 Gigawatts por hora (GWh) de energia elétrica por meio da queima do bagaço de cana.

Após adquirir, em abril de 2011, 83% das ações da CNAA por US$ 680 milhões, a BP resolveu agora investir outros US$ 25 milhões para ficar com mais 3% da empresa, antes controlada pela Louis Dreyfus Commodities (LDC). Isso eleva a participação da BP na CNAA para 99,97%, com duas usinas em operação em Itumbiara (GO) e Ituiutaba (MG).

Desde 2006, a BP anunciou investimentos de mais de US$ 2 bilhões em pesquisas, desenvolvimento e operações com biocombustíveis, além de investimentos em unidades produtoras na Europa, Brasil e Estados Unidos. A companhia, que possui um centro global de tecnologia para combustíveis alternativos em San Diego, nos Estados Unidos (EUA), está investindo US$ 500 milhões no Energy Biosciences Institute (EBI), onde cientistas estudam aplicações de biotecnologia em energia.

Importantes movimentos de consolidação têm marcado o setor sucroenergético brasileiro nos últimos dois anos. São casos como os da Raízen, joint venture do Grupo Cosan com a petrolífera anglo-holandesa Royal Dutch Shell e a aquisição do Grupo Moema pela multinacional Bunge. Em abril de 2010, a Petrobras Biocombustível, criada pela Petrobras para perseguir projetos na área das energias renováveis, anunciou a participação societária de 45,7% na Açúcar Guarani, a quarta maior processadora de cana do Brasil.