Bunge reduz fluxo de soja para China após superestimar demanda

No fim de 2014, a companhia, que é uma das maiores do mundo, sofreu um prejuízo de US$ 30 milhões com a queda no preço da soja estocada para ser enviada à ChinaA Bunge reduziu o volume de carregamentos de soja com destino à China, maior importador mundial da oleaginosa, depois de ter superestimado a demanda em projeções realizadas no fim de 2014.

A informação foi dada pelo presidente-executivo da companhia, Soren Schroder, na quinta, dia 12. A decisão de reduzir a escala dos embarques para o país mais populoso do mundo reflete o impacto da redução no ritmo do crescimento econômico chinês sobre uma das maiorias companhia do agronegócio no mundo.

A Bunge, uma das principais processadoras mundiais de grãos de soja, normalmente possui carregamentos contínuos de soja destinados à China a partir de países produtores como o Brasil, “como uma esteira rolante flutuante”, disse Schroder.

No entanto, no fim de dezembro a companhia sofreu um prejuízo de US$ 30 milhões com a queda no preço da soja estocada para ser enviada à China, que recuou a valores abaixo do pago pela Bunge na compra da commodity, destacou Schroder.

A Bunge equivocadamente esperou por um aumento de demanda, acrescentou ele em uma entrevista após a companhia relatar resultados abaixo das expectativas no quarto trimestre de 2014.

– Estamos reduzindo progressivamente o tamanho do fornecimento que temos fluindo para a China, de modo a reduzir o risco da operação, para que não tenhamos coisas como as que acabaram de acontecer novamente –  explicou Schroeder.

A economia chinesa em arrefecimento – os 7,4% de crescimento em 2014 foram a taxa mais baixa em 24 anos – tem causado efeitos sobre os mercados globais, pois o país é o maior comprador do mundo de minério de ferro, cobre e soja, e segundo maior importador de petróleo, atrás apenas dos Estados Unidos.

China importou 6,88 milhões de toneladas de soja no mês passado, abaixo do recorde estabelecido em dezembro mas acima das 5,9 milhões de toneladas importadas em janeiro do ano passado. A grande importação e uma demanda mais fraca têm resultado em baixas margens de lucro.

– Julgamos mal a demanda e o momento dela em um par de pontos percentuais – informou Schroder.

A Bunge espera que as condições de mercado melhorem na China, onde ficam sediados entre 10 e 15% de toda a operação de processamento de grãos da companhia, embora acredite que a situação continue desafiadora.

Os lucros trimestrais ficaram abaixo das projeções, e “uma grande parte disso está relacionada a como gerimos o fornecimento para a China”, segundo o presidente da Bunge.

Compradores chineses causaram um aumento dos preços da soja norte-americana no início da safra que começou em 1 de setembro do ano passado, somente para ver os preços caírem com força em seguida, ante a previsão de safras recordes na América do Sul.

Compradores chineses cancelaram ao menos 579.000 toneladas em compras de soja dos Estados Unidos durante a segunda metade de janeiro, de acordo com o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA).