Curaçá, no norte da Bahia, também decretou estado de emergência por causa da seca, e na zona rural a situação é ainda pior. Além da água, falta alimento para os animais. Se não chover nos próximos dias, os agricultores ameaçam deixar suas casas.
Na propriedade do pecuarista José Carlos Nunes Silva todos os animais foram vendidos. Ele conta que teve que se desfazer dos animais, pois 15 tinham morrido de sede.
Há mais de dez meses, dez famílias tem apenas uma única fonte de água para beber, cozinhar e alimentar os animais.
– Tiramos do próprio barreiro, mesmo barrento – conta o produtor Pedro Souza Nascimento.
As máquinas da prefeitura tentam ajudar tirando a lama. Porém, a demanda é maior do que a capacidade.
– São mais de 500 caminhões pipas por mês, mas mesmo assim não é o suficiente – relata a secretária do governo de Curaçá, Jucélia Santos Almeida.
Os caminhões pipas são a única opção dos que estão com as cisternas vazias. Quando eles chegam, os produtores ficam mais aliviados.
– Sem a água do pipa ficaria muito mais difícil. Teríamos que beber do poço, junto com os animais – explica o produtor Joaquim Rodrigues Filho.
Há mais de quatro meses o Programa Água para Todos, do governo federal, construiu 20 sistemas para levar água do rio para as comunidades que sofrem com a seca. Está tudo pronto, mas por enquanto só fazem parte da paisagem da caatinga.
– Está tudo pronto, desde o encanamento da casa até o rio. Só falta instalar o sistema elétrico – relata o produtor José Carlos Nunes da Silva.
Segundo a Companhia de Eletricidade da Bahia (Coelba), o sistema ainda não foi ligado porque existem irregularidades no padrão e que podem ser irregularidades nas obras também.
A construtora dos sistemas de bombeamento de água para estas comunidades informam que desde novembro o ajuste que a Coelba pediu, foi atendida. De lá até agora, dois meses depois, ainda não foi feita a ligação. Enquanto a operação não é realizada, a construtora afirmou que mandaria para a comunidade do produtor José Carlos, uma equipe de engenheiros para testarem a energia de geradores a diesel.
Com o estado de emergência decretado, o município agora aguarda recursos que podem vir do governo estadual e federal para ajudar os produtores prejudicados com a seca.