O produtor Alberto Borges, cuja fazenda, de 30 hectares, foi preparada para o agronegócio familiar, ficou entusiasmado com o programa Mais Alimentos, que tornaria possível comprar seu primeiro trator. O projeto era ideal para a propriedade dele: prevê descontos de até R$ 15 mil, quatro anos a mais para pagar, redução de juros e carência de três anos. Mas o sonho virou pesadelo no meio da papelada.
O plano foi criado para mecanizar uma parte importante da agricultura familiar e, no final, aumentar a produtividade e a renda nas pequenas propriedades. Mas, na prática, o agricultor não consegue passar pela burocracia. Uma empresa que representa 36% do mercado nacional conseguiu vender até agora apenas 10 tratores em todo país por meio do programa.
Muitas revendas de tratores fizeram planos para triplicar os negócios até o final ano. É o caso da empresa onde João Manoel Rodrigues é gerente. Ele culpa a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) e o Banco do Brasil pela burocracia que atrapalha os planos.
A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) confirma a dificuldade para concretizar as vendas, mas acredita que toda esta demora faz parte do “processo de aprendizado do programa”.
? Existe um processo de aprendizado justamente porque o governo está procurando beneficiar e incluir agricultores na mecanização das lavouras. Os agentes financeiros também precisam ser treinados ? diz o vice-presidente da Anfavea, Gilberto Zago.
Procurado pela reportagem do Canal Rural, o Ministério do Desenvolvimento Agrário divulgou nota afirmando que a linha Mais Alimentos do Pronaf, assim como outras linhas de crédito rural para investimento, exige a apresentação de um projeto técnico. Para participar do programa, o produtor deve ser enquadrado como agricultor familiar. Isso pode ser feito mediante a retirada da declaração de aptidão ao Pronaf nos escritórios de extensão rural ou sindicatos. A declaração é gratuita.