Cadastro busca deter desmatamento na Amazônia

Iniciativa vai documentar proprietários de seis dos 42 municípios que mais desmatam no paísProdutores rurais de seis dos 42 municípios da Amazônia que apresentaram índices de desmatamento acima do estabelecido pelo Ministério do Meio Ambiente podem regularizar sua situação aderindo a uma espécie de "lista verde" ? cadastro com as propriedades que, mesmo estando nessas localidades, não registraram níveis elevados de desmate ou assumiram o compromisso de recuperar a área degradada.

Trata-se do Cadastramento Ambiental Rural Municipal (CAR), projeto piloto fruto de uma parceria do governo com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) que visa fazer um diagnóstico de todas as propriedades de Marcelândia (MT), Dom Eliseu (PA), Ulianópolis (PA), Acrelândia (AC), Senador Guiomard (AC) e Plácido de Castro (AC). Aderindo ao cadastro, os produtores podem se livrar de restrições que instituições de crédito ou indústrias de carnes e grãos impuseram a esses municípios por conta das altas taxas de desmate.

Desde 2008, quando foi publicada a resolução nº 3545/08 do Conselho Monetário Nacional, a obtenção de financiamento rural na Amazônia ficou condicionada à apresentação de documentos que comprovem a regularidade ambiental do imóvel. A medida é uma forma de estimular a preservação das florestas, indo ao encontro do tema “Florestas: a Natureza a seu Serviço”, do Dia Mundial do Meio Ambiente 2011, que celebrado neste domingo, dia 5.

Porém, nos 42 municípios que mais desmatam, as limitações foram estendidas a todos os proprietários, mesmo que sua atuação estivesse em conformidade com a lei.

? Uma forma de sair do embargo é realizar o cadastro e comprovar por imagens de satélite que o imóvel está regular. Para propriedades que não cumprem os requisitos do código florestal, é preciso fazer um plano de recuperação de áreas degradadas, se comprometendo a resgatar o espaço ? diz o oficial de projeto da área de meio ambiente do PNUD, Alexandre Anders Brasil.

Ele acrescenta ainda que, caso 80% dos proprietários do município entrem no cadastro, a localidade deixará de integrar a relação das 42 cidades.

Segundo a coordenação do projeto no Ministério do Meio Ambiente, constar na lista dos que mais desmatam pode afastar empresas e outros investidores que teriam interesse em se instalar nesses municípios, pois elas não querem ter seu nome vinculado a uma cadeia destruidora de florestas nativas.

O cadastro teve início em abril e deve ser concluído até janeiro de 2012. Os seis municípios foram selecionados para receber o projeto por estarem mais adiantados na negociação entre os proprietários e o poder público, ampliando as possibilidades de sucesso. Equipes das secretarias estaduais de Meio Ambiente e do ministério vão organizar eventos de mobilização para divulgar e explicar o cadastro.

O projeto prevê também a contratação de uma consultoria para avaliar o impacto da resolução que instituiu limitações nos 42 municípios, verificando se ela resultou em uma queda efetiva no desmate.