Conforme o Valor Econômico, nos últimos anos o Cade tem determinado a suspensão de fusões e de aquisições com características semelhantes a essa. O objetivo é evitar o fato consumado: preservar as estruturas das empresas em separado para que, caso o Cade conclua que deva vetar o negócio no futuro, essa decisão possa ser tomada. Isso ocorreu com a compra da Garoto pela Nestlé e com a aquisição da Varig pela Gol.
A expectativa inicial é que a suspensão do negócio Sadia-Perdigão não se dê de maneira traumática, ou como imposição do órgão antitruste às empresas. Assim que o negócio for confirmado, os conselheiros do Cade deverão convocar representantes de ambas para negociar os termos de um acordo, indicando ponto a ponto quais ativos não poderão ser unificados. Será uma negociação entre as autoridades e as companhias, num chamado Acordo de Preservação da Reversibilidade da Operação (Apro).
Caso as empresas se neguem a negociar, o Cade deverá impor a separação por meio de medida cautelar. Mas essa é uma determinação que ambas as partes querem evitar. A imposição é ruim para o Cade, pois as companhias podem recorrer à Justiça para derrubá-la. É ruim também para as empresas, já que caberá ao órgão antitruste dar a palavra final sobre o negócio.
Em 2008, o Cade aprovou a compra da Eleva pela Perdigão. Na ocasião, os conselheiros falaram que a concorrência com a Sadia garantia a competição no setor, apesar de elevadas concentrações em alguns mercado, como no de carnes industrializadas. No caso da Sadia-Perdigão, o órgão antitruste terá de analisar todos os negócios das companhias, da venda de carnes e frangos à de produtos específicos, como pizzas congeladas