Em 2010, 12 municípios receberam a certificação. São 130 mil hectares que representam 12% da produção gaúcha de arroz. Dos 260 hectares de terra de Elton Borges, em Capivari do Sul, 119 foram reconhecidos com a denominação de origem. O orizicultor produz, em média, 900 toneladas por ano. Para esta safra, ele espera uma produtividade de 8 mil quilos por hectare. Depois de receber o reconhecimento, o produtor conta que a propriedade está organizada e que a expectativa é de receber mais pelo grão.
– A gente espera abrir um mercado novo. Arroz é uma commodity que tem em todo o supermercado. Queremos um produto diferenciado, agregar valor e trazer mais renda ao produtor. As indicações geográficas são uma coisa muito recente no Brasil. Estamos engatinhando quanto a isso, mas se espera até 15% acima do mínimo – afirma Borges.
Cercada pela Lagoa dos Patos e pelo Oceano Atlântico, a região recebeu a indicação geográfica justamente por causa das características de concentração de água, que dão estabilidade térmica às plantas, formando um grão de qualidade, com mais nutrientes e que rende mais na panela dos consumidores. É o que diz o agrônomo responsável pelo registro das propriedades com denominação de origem.
– Em termos de qualidade de cocção e de visual do produto, o mercado já reconhece o produto como diferenciado – afirma Valmar Júnior, agrônomo da Associação dos Produtores de Arroz do Litoral Norte Gaúcho (Aproarroz).
O grão cultivado na região já e mais valorizado do que os produzidos em outras partes do Estado gaúcho. Em média, os produtores recebem 10% a mais pelo produto no mercado. O certificado de indicação geográfica atesta essa melhor qualidade. Mas, para agregar mais valor, é preciso um trabalho de conscientização junto à cadeia produtiva e principalmente dos consumidores.
– A nossa sociedade ainda tem dificuldade cultural em absorver coisas desse tipo – afirma Clóvis Terra, presidente da Aproarroz, acrescentando que as propriedades precisam estar preparadas, de acordo com as normas estabelecidas em lei.
Os desafios para a denominação de origem virar realidade ainda são grandes. Na indústria, o beneficiamento do arroz não pode ser misturado aos resíduos de outros tipos de arroz. Um processo complexo que começa no descarregamento do produto.
– Não é que a indústria não queira. Ela tem interesse, só que há uma complexidade muito grande dentro desse processo – diz Terra.
A associação estima que os produtores recebam, em média, até 30% a mais pelo grão selecionado. De acordo com Terra, já existe uma cooperativa estudando a possibilidade de beneficiar e comercializar o produto.