Depois de safras ruins, com períodos sem chuvas, a expectativa para esta safra é que a produção seja grande, mesmo com o atraso no plantio
Roberta Silveira | Cabeceira Grande (MG)
Na última safra, a estiagem prejudicou as lavouras de Minas Gerias. Para este ciclo, o Estado espera aumentar a produção de soja, mesmo com o atraso no plantio. A área plantada deve aumentar 8,4%, chegando a 1,35 milhões de hectares. Minas tem tudo para produzir mais que as 3,3 milhões de toneladas colhidas na safra passada. A estimativa para 2014/2015 é produção na ordem de 3,9 milhões de toneladas.
– Este ano a gente teve problema no início. Eu acho que é melhor do que ter problema no final. Porque nós tivemos problemas no final dos últimos três anos. Nós tivemos veranicos nos dois anos anteriores e neste último ano parou mesmo de chover. E aí nós tivemos quebra de safra. Então, este ano, o problema é que atrasou muito o plantio, mas nós estamos confiantes que, se chover normal, nós vamos ter uma boa safra – comenta Claudionor Nunes de Moraes, presidente da Comissão de Grãos do Sistema Faemg (Federação da Agricultura e Pecuária de Minas Gerais).
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Vistamos a propriedade do produtor de grãos José Carlos Ferrigolo em um dia de aplicação na lavoura. O herbicida glifosato é lançado na soja RR e, também, o inseticida para combate de lagartas. O alvo é a lagarta da maçã, que até 14 mm pode ser eliminada da lavoura. O produtor explica que se ela crescer mais fica muito difícil controlar a praga.
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Os 1400 hectares de Ferrigolo foram semeados em 8 de novembro, com atraso de duas semanas da época ideal de plantio. Como acontece em outras regiões, ele calcula a redução do milho segunda safra. Porém, o produtor está otimista com a soja. A expetativa dele é produzir mais que a última safra e alcançar 60 sacas por hectare.
– Esse atraso aí, na ordem de 15 dias, pode refletir na produção da segunda safra. Nada que vá trazer problema para os produtores, mas certamente teremos uma oferta menor de milho – prevê José Carlos Ferrigolo, que também preside a Cooperativa Agrícola de Unaí (Coagril).
Plantio direto no Cerrado mineiro
Encontrar solos com palhadas nas lavouras de grãos é comum em toda região produtora do país. Mas na região de Cabeceira Grande, noroeste de Minas Gerais, não era assim há 25 anos, quando não se aplicava o plantio direto no Planalto Central. Foi justamente nessa região que se começou a realizar a técnica.
– Era uma atividade que já estava muito desenvolvida no Sul do país, nós não tínhamos informação técnica alguma, também não tínhamos bons equipamentos na ocasião. Eu notava que era uma prática interessante no Rio Grande do Sul e Paraná, conseguimos desenvolver uma prática que é o carro-chefe da proteção ambiental das regiões – comenta Ferrigolo.
O Cerrado mineiro é uma das áreas com boa produtividade, mas décadas atrás não era assim.
– Nós viemos com minha família em 1983, viemos do Rio Grande do Sul, de Santa Maria. Queríamos buscar crescimento no setor. Éramos agricultores lá e migramos para Minas para aumentar a área, aumentar o empreendimento fazendo agricultura. Na época, era a abertura do cerrado na região e nós participamos disso – relembra produtor de grãos, José Carlos Ferrigolo.
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