Cadeia produtiva debate soluções para mandioquinha em Minas Gerais

Cultura tem passado por transformação na região, diz pesquisador da EmbrapaCerca de 600 técnicos e produtores de mandioquinha-salsa de Minas Gerais se reuniram em Pouso Alegre, nos dias 11 e 12 de setembro, para discutir os problemas da cadeia produtiva e propor melhorias que vão desde o manejo da cultura até a comercialização.

>>Boas práticas garantem melhor potencial produtivo da mandioquinha-salsa

Anualmente, a área plantada tem aumentado no Estado – se concentrando na Zona da Mata e na região Sul – e, por isso, produtores resolveram discutir os aspectos básicos como a produção de mudas de qualidade; preparo de solo e nutrição das plantas; e manejo de nematoides, que tem o controle dificultado pela prática inadequada de incorporação dos restos culturais.

De acordo com o pesquisador Nuno Madeira, da Embrapa Hortaliças (Brasília, DF), a cultura tem passado por uma transformação muito grande na região.

– O uso das novas tecnologias permitiu o plantio em regiões menos frias, até 800 metros de altitude, quando antes se praticava o cultivo a partir de 1200 metros de altitude – contextualiza.

A mecanização do plantio e o aumento da escala tornaram a cadeia de comercialização mais intensa e, com isso, pesquisa, extensão e indústria unem esforços para profissionalizar a cadeia produtiva de mandioquinha-salsa. Um dos pontos levantados no evento foi justamente a necessidade de registrar agroquímicos para a cultura que, atualmente, não possui nenhuma recomendação.

– Sabemos que os agricultores valem-se do princípio da extensão de uso para aplicar produtos registrados para cenoura e batata. Por isso, torna-se fundamental facilitar o registro para a mandioquinha-salsa, até mesmo para dar subsídios para a produção integrada da cultura – analisa Madeira que considera a produção orgânica uma alternativa já que a cultura é bem rústica.

A reunião também aventou a necessidade de estabelecer novos campos de multiplicação de mudas para contemplar outros municípios do estado. Para o pesquisador, escolher uma planta matriz adequada, praticar uma boa desinfestação e fazer a pré-brotação das mudas (seja em água, areia ou serragem) garantem uma lavoura mais uniforme e de qualidade.

Itens como logística, lavagem das raízes tuberosas e comercialização também foram debatidos no evento, já que suscitam muitas manifestações por parte dos agricultores que vendem aos lavadores o quilo do produto em centavos e encontram preços excessivos nas gôndolas dos supermercados.

– No geral, tentamos contribuir para que o consumidor tenha um produto mais limpo e acessível, e para que o agricultor encontre estabilidade na cadeia produtiva: sem grandes oscilações de preço, com maior profissionalismo e alta produtividade e tecnologia de produção – delineia o pesquisador Nuno Madeira.