É na carroça puxada por bois que a equipe da colheita chega na lavoura, de manhã cedo. No sul do país, mais de 70% do fumo já foram colhidos. Em uma pequena propriedade de quatro hectares, localizada em Vera Cruz, no interior do Rio Grande do Sul, as folhas mostram que o clima não favoreceu o desenvolvimento das plantas.
? Choveu no começo do mês e agora faltou a chuva. O fumo não abriu. Faltou chuva para o fumo novo ? conta o produtor Elstor Seidl.
O gerente técnico da Associação dos Fumicultores do Brasil, Iraldo Backes, diz que a expectativa era colher 760 mil toneladas no país. No entanto, a sequência de chuva e seca deve reduzir essa estimativa em 10%.
? Uma safra com produtividade abaixo do esperado e qualidade até um pouco acima da média ? define Backes.
O trabalho dos safristas continua ao longo do dia. É preciso preparar as folhas para que sejam colocadas na estufa, já que tudo deve estar pronto nas próximas semanas.
A negociação da safra começa em poucos dias, sob a dúvida de como a crise econômica mundial vai afetar os preços do fumo.
Na expectativa dos desdobramentos, os produtores aceitaram adiar as reuniões com as indústrias. Os encontros, que geralmente começavam em dezembro, desta vez se iniciam em 18 de janeiro. As primeiras consultas revelam que a procura, inclusive para a exportação, segue forte. Os compradores acenaram com aumento de 10% a 22% nas tabelas de preços.
? Diria que está garantida a demanda, o preço e a remuneração para o produtor ? afirma o presidente da Associação dos Fumicultores do Brasil, Benício Werner.
As indústrias estão preocupadas com o primeiro semestre: pode não haver todo o dinheiro em caixa para fazer as compras. Serão necessários R$ 4 bilhões.
? Como há restrição no crédito, no Brasil e em todo o mundo, estamos estudando medidas para garantir os valores necessários para as negociações ? garantiu o presidente do Sindicato das Indústrias de Tabaco, Iro Schünke.