A sazonalidade dos preços dos fertilizantes e a taxa de câmbio resultaram na terceira queda consecutiva do Índice de Inflação dos Custos de Produção (IICP), elaborado pela Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul). O indicador fechou o mês de abril em – 1,02%. O acumulado do ano está em – 0,75%. Já o Índice de Inflação dos Preços Recebidos apresenta uma alta de 3,99% puxada por milho e soja, que aumentaram 17% e 4%, respectivamente.
As informações estão no Relatório dos Índices de Inflação dos Custos de Produção e da Receita dos Produtores do Rio Grande do Sul, referente ao mês de abril, produzidos pela Assessoria Econômica do Sistema Farsul.
Em 2016, os fertilizantes apresentam uma queda superior a 13%. Essa redução é sazonal e tem, historicamente no mês de maio, sua maior baixa, que foi acentuada com a apreciação do real nos últimos meses. Em seu relatório de final de ano, a Farsul já havia indicado que este é o melhor período para a compra de fertilizantes. Porém, a retração nos preços não ocorre em todos os insumos e os químicos mantêm alta.
Mesmo com o aumento nos preços recebidos pelos produtores, ele foi inferior ao do praticado nas prateleiras neste ano. Enquanto o IPCA Alimentos acumula alta de 5,79%, o IIPR está em 0,3%. Nos últimos 12 meses o IIPR atinge 22,79%, enquanto o IPCA Alimentos chega a 13,38%. O que demonstra, mais uma vez, a falta de relação entre as altas aos consumidores e o valor recebido pelos produtores.
Levantamento dos Custos de Produção
A Federação, junto com Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e a Esalq/Cepea está realizando o levantamento de custos de produção da safra 2015/2016, dentro do projeto Campo Futuro. Na última sexta, dia 13, foi concluída a coleta de dados, o próximo passo é a consolidação das informações.
A pesquisa serve, também, para traçar uma projeção da próxima safra. O levantamento dos custos de produção de grãos é realizado anualmente desde 2006. As culturas analisadas são arroz, soja, trigo e milho.
As informações preliminares apontam o que já vinha sido mostrado em levantamentos realizados pela Federação. A comparação entre as safras 2014/2015 e 2015/2016 indicam um aumento de 25% nos custos de produção. “É sem dúvida o maior aumento que nós tivemos de um ano para outro desde o Plano Real. Ele decorre do forte aumento na taxa de câmbio no momento que os produtores estavam comprando seus insumos”, analisa Antônio da Luz, economista-chefe do Sistema Farsul.
Em Cruz Alta também é feita a comparação entre as lavouras de sequeiro e irrigadas. O objetivo é avaliar a viabilidade econômica do projeto de irrigação, que aumenta a receita, mas tem custo maior. “Ao levantarmos os custos de produção e a receita de sequeiro e irrigado, conseguimos ter um bom panorama de que se vale a pena ou não irrigar uma lavoura”, comenta o economista.