Para se proteger contra as oscilações no preço, os brasileiros negociam na Bolsa de Nova York. O problema é que lá fora não existe um contrato especifico para o café brasileiro, a referencia são outros paises produtores, como a Colômbia. O setor acredita que a situação acaba distorcendo os preços.
Uma das propostas em debate há cinco anos é a inclusão do café brasileiro no contrato de Nova York. A iniciativa foi do Conselho dos Exportadores de Café (Cecafé). Na época, a pressão dos concorrentes, principalmente os colombianos, foi mais forte e o projeto foi arquivado. Agora, a situação é diferente: a própria bolsa retomou a discussão.
? A bolsa parece mais interessada em ter o café brasileiro no seu rol de origens, na medida em que as quedas de produção de café na Colômbia e a estabilidade em outros países estão dando um perfil não muito favorável na relação entre o grande movimento que a bolsa tem e o nível de produção ? explica o diretor geral do Cecafé, Guilherme Braga.
De acordo com a entidade, o Brasil produz cerca de 3,5 milhões sacas de café despolpado, a referência para Nova York. Há seis anos, esse volume não passava de 500 mil sacas. Por isso, na opinião do diretor do conselho, a situação atual dá mais condições ao Brasil de ser incluído no contrato C.
O superintendente da Cooxupé, a maior cooperativa produtora de café do mundo, com sede em Minas Gerais, Lúcio Dias, avalia que a mudança seria mais uma alternativa de mercado.
? No momento, ele não é vantajoso porque os diferenciais que a gente está trabalhando para esse produto estão acima do preço de Nova York, mas para o futuro é uma garantia a mais, é um mercado a mais que o produtor passa a ter.
Produtores e exportadores reconhecem que o simples fato de estar no contrato de Nova York não é uma garantia de lucro. Mas consideram que ter uma opção a mais para negociar faz muita diferença.
? O produtor terá uma condição muito mais precisa para a precificação do seu café. Ele vai estar acompanhando a bolsa. Ele vai poder comparar o comportamento do mercado interno aos preços do mercado internacional e, portanto, ter uma noção mais precisa do valor da sua mercadoria ? afirma Guilherme Braga, do Cecafé.
No entanto, nem todos os produtores apoiam a inclusão do Brasil em Nova York. Representantes do setor avaliam que o contrato C não corresponde à realidade da produção brasileira, dominada pelo café natural e não pelo despolpado. A idéia, então, seria ter um contrato para esse tipo produzido no Brasil na bolsa de Chicago. A avaliação é a de que, como a instituição é sócia da BM&F Bovespa, as negociações ficariam mais fáceis. Mas ainda não foi feita uma proposta oficial para a bolsa americana.