O aroma do café gourmet é forte. Segundo os baristas, o sabor encorpado e a sensação no paladar fica por mais tempo do que quando se toma um café comum.
? Tornou uma realidade hoje no Brasil os cafés especiais a preços justos tanto para o produtor quanto para o industrial. E o consumidor hoje não tem mais medo de pagar por isso. Ele realmente sabe que está levando um produto muito melhor ? avalia Mario Chierighini, diretor de uma cafeteria de São Paulo.
O café que a empresa de Chierighini passou a oferecer aos consumidores em SP foi produzido numa fazenda no município de Itaí, a 300 km da capital do Estado. A propriedade pertence aos produtores João Antonio e José Romeu Fávaro, que começaram a investir nos cafés especiais há 11 anos. Eles já participaram de outros concursos, mas é a primeira vez que conquistam tamanho reconhecimento. Foram considerados os melhores produtores do Estado e também do país. O prêmio se deve à produção de café arábica da variedade catuaí, na categoria cereja descascado.
? Esse ano a gente teve um clima muito favorável na nossa região. Isso, aliado ao manejo, à tecnologia empregada, à localização da lavoura também em uma área de altitude mais elevada e o capricho na hora do preparo é que ocasionaram este café especial este ano ? analisa Fávaro.
Este ano foram inscritos 78 lotes de cafés na nona edição do Concurso Estadual de Qualidade, organizado por instituições ligadas ao setor como a Secretaria de Agricultura de SP e a Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), que representa a indústria.
? Na primeira edição, nós tivemos quatro regiões produtoras participando do concurso. Nesta edição foram treze regiões produtoras. São mais de mil produtores. Numa demonstração evidente de que aqui se produz cafés iguais aos melhores cafés do mundo ? diz o diretor executivo da Abic, Natan Herszkowicz.
Os melhores cafés foram adquiridos por torrefadoras e empresas como a que Mário dirige, num leilão que ocorreu no mês passado. Agora, eles serão comercializados em uma edição limitada em embalagens de 250 gramas. A saca do café dos sócios João Antonio e José Romeu foi vendida por R$ 7,1 mil, quase 20 vezes mais do que a cotação da BM&FBovespa.
? A gente consegue com isso aparecer para o mercado e agregar maior valor a um café produzido na região como um todo ? explica Fávaro.
? A gente tem procurado valorizar, ser o melhor vendedor de café, vender o café mais caro para que nosso produtor seja o de maior rentabilidade. Esse é o negócio ? defende o secretário de Agricultura de SP, João Sampaio.
O Estado é o terceiro maior produtor de café, perdendo para Minas Gerais e Espírito Santo. Apesar disso, os paulistas são os maiores consumidores do Brasil.