O acordo envolve cerca de US$ 830 milhões. No final do ano passado, a Organização Mundial do Comércio (OMC) autorizou o Brasil a retaliar os Estados Unidos naquele valor. A decisão foi provocada pelos subsídios considerados irregulares pelo governo norte-americano aos produtores de algodão.
Há oito anos, o processo é negociado. Segundo especialistas brasileiros, um dos setores que pode ser afetado é o de medicamentos, pois a retaliação envolve a criação de barreiras temporárias às importações. A lista com a relação de produtos que poderão ser alvos da reação brasileira será divulgada na próxima segunda, dia 8, pelo Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio.
O assunto foi tema de reunião da secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, e do ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, na última quarta, dia 3, em Brasília. Hillary afirmou que tinha a impressão de que a discussão fazia parte do enredo de um filme já conhecido de todos.
? Isso vai ser discutido como proposta de compensação. Temos tempo para tentar resolver isso de maneira pacífica e produtiva. É grande o comércio entre os nossos países e espero que possamos resolver essa questão ? afirmou a secretária, sinalizando que haverá esforço por parte dos norte-americanos para evitar a retaliação.
Segundo Amorim, não há possibilidade concreta de o governo norte-americano querer impor uma espécie de contrarretaliação aos produtos brasileiros em decorrência da decisão de retaliar as mercadorias dos Estados Unidos – como insinuou o embaixador dos Estados Unidos no Brasil, Thomas Shannon, na sua primeira entrevista coletiva.
? Não posso acreditar que os Estados Unidos vão promover [uma contrarretaliação]. Deste susto eu não morro. A lista será publicada na semana que vem e haverá 30 dias [de prazo para negociar]. Então haverá tempo, com base no que foi autorizado dentro da lei ? disse Amorim, ao conceder entrevista ao lado de Hillary, na última quarta.