Com custos mais altos – cada hectare de café para chegar até a primeira safra custa entre R$ 12 mil e R$ 15 mil -, a preocupação é saber se o bom momento vai seguir firme para dar retorno satisfatório.
– Pode acontecer de vir uma outra crise e derrubar grande parte desses cafeicultores que não são profissionais. Eles têm de trabalhar com os pés no chão, fazendo os investimentos certos e contando com preços históricos, e não com os preços que estão hoje sendo praticados no mercado – explica o consultor de mercado Kássio Fonseca.
Frederico de Queiroz Elias é um desses novos cafeicultores. O novato está investindo no coração do café do cerrado mineiro, mas procurando usar o máximo de recursos próprios. Pela primeira vez na atividade, está sentindo que o preço em alta reflete também nos custo de implantação.
– Preço em alta é fator positivo e negativo. Como o mercado está aquecido, adubo, defensivos e mão de obra acompanham o preço mais alto. Mas o positivo também é a perspectiva que continua boa. A gente sabe que tudo é um ciclo – avalia.
O café demorou dez anos para sair do ciclo de insegurança. Em 2002, foi ao fundo do poço quando a saca de 60 quilos chegou a 30 dólares. Até 2011, o desafio foi pagar as dívidas e buscar a estabilidade, que resgatou o otimismo dos cafeicultores.
O novo ciclo de bons preços decolou no final de 2010, em plena safra alta, e continua firme. Há café sendo vendido no pé para entrega em 2012 cotado a mais de R$ 520, a saca de 60 quilos.
Marcos Sacoman está produzindo, em 2011, 17 milhões de mudas de café.
O crescimento é de 40% nos últimos dois anos, com aumento de preço na mesma proporção. A cotação está, em média, R$0,40 por planta.
– Já estamos, sim, investindo numa área diferente. Até então, muda de café é feita em sacolinhas plásticas no chão. Agora estamos partindo para estrutura de tubetes – conta o produtor.