O impasse no setor já é conhecido. De um lado, os produtores querem valores que cubram os custos de produção e, do outro, a indústria alega definir os preços de acordo com a demanda internacional. Na safra 2010/2011, que se encerra este mês, houve estiagem prolongada durante o outono e o inverno, além de doenças que prejudicaram a florada. Com a oferta menor, os preços subiram para R$ 15 pela caixa de 40 quilos.
Em 2009/2010, os produtores fecharam contratos a R$ 4 ou R$ 5. Para a safra que começa a partir de julho, os analistas acreditam em um crescimento de 21% na oferta de laranja.
Segundo dados, a safra 2011/2012 vai ser uma das melhores dos últimos anos. As boas condições climáticas, o melhor manejo nutricional e uma maior produção por árvores novas são fatores que impulsionam a safra. Mas, mesmo assim, os produtores estão apreensivos, principalmente quando o assunto é o preço pago pela indústria.
Para a pesquisadora do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, Margarete Boteon, o mercado não deve apresentar uma queda em relação ao ano passado. Apesar do aumento na oferta de laranja, os estoques no Brasil e nos Estados Unidos estão baixos.
A expectativa para a próxima safra foi um dos principais temas discutidos durante a Semana da Citricultura. Especialistas avaliam que a discussão sobre valores pode ser resolvida com a criação de mecanismos remuneradores. E este é um dos desafios para que o Consecitrus, conselho que pretende definir uma base de preços negociada entre produtores e indústria. Para Flávio Viegas, que representa os produtores, a proposta de estipular valores ainda vai demorar para virar realidade.
Christian Lohbauer, representante da indústria, discorda. Ele avalia que enquanto houver divergências, os problemas antigos do setor citrícola não vão se resolver.