A especulação no café começa pelas estimativas de produção. Entre dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e dos exportadores a safra pode variar entre 49 e 55 milhões de sacas, o que provoca incertezas no mercado.
Os produtores ainda não assimilaram a queda nos preços. A nova safra só deve fazer algum efeito no mercado dentro de 60 dias.
— Agora nós estamos assim sentidos por não termos feito mais contratos futuros com preço melhor. Não contávamos com esta queda nessa época do ano. Nós acreditávamos em um preço melhor e o mercado apontava para isso. As expectativas eram de que seria um preço acima de R$ 500,00 — comenta o cafeicultor Valduir Geraldo Hortense.
Em janeiro Hortense fechou a venda com contrato futuro de 200 sacas por R$ 500. Depois, o produtor tentou de novo em fevereiro quando negociou mais 300 sacas, mas desta vez, a R$ 415,00.
O cafeicultor já programou o início da colheita para o final de maio e está otimista. Ele acredita que as cotações em baixa não passam de um susto.
O presidente da Associação dos Cafeicultores da Região de Patrocínio (Acarpa), Marcelo Queiroz, afirma estar esperando a liberação de R$ 2,7 bilhões do Funcafé para comercialização, e mais R$ 2 bilhões via banco, para facilitar a estocagem enquanto os preços estiverem abaixo do esperado.
— Nós temos procurado nossas lideranças também para que possam buscar recursos para financiar a nova safra e talvez para uma estocagem, pois aí o produtor terá condição de segurar o produto e colocar no mercado em um momento oportuno. Hoje o mercado é dinâmico. Às vezes o mercado pode ter bons preços sem precisar fazer estocagem e nós temos também que colocar em consideração o fator climático — afirma Queiroz.