– Pelo contrário, ainda há espaço para avanço nas cotações por causa dos baixos estoques do grão e do crescente consumo do produto – declarou.
Segundo ele, em 2014, o déficit entre produção e consumo no Brasil foi de sete milhões de sacas de 60 quilos, muito em virtude de perdas ocorridas devido a períodos de estiagem. Para 2015, citando números levantados pelo Conselho dos Exportadores de Café no Brasil (Cecafé), Paulino da Costa estima um déficit de dois milhões de sacas.
Mesmo que o consumo seja maior do que a produção e os estoques não estejam muito altos, o presidente da Cooxupé avalia que não haverá falta de matéria-prima no mercado brasileiro.
– Pode ter aperto de oferta no ano que vem, mas não acredito na falta de café. Os estoques são baixos, mas os preços tendem a estimular o cafeicultor a aumentar sua produção – afirmou.
Costa não quis cravar um preço para a saca de café em 2015.
– Vai depender muito do mercado, não tem como prever – disse.
Hoje, o café arábica de boa qualidade, vendido pela Cooxupé, está em média, de R$ 490 a R$ 500 a saca. Em 2013, os valores estavam em R$ 300 a saca e no ano passado, ficaram entre R$ 500 e R$ 520 a saca.
– Os valores ainda não estão num bom nível, mas já estão compensando custos – informou.
Ele comentou, ainda, que a queda recente de preços na Bolsa de Nova York (ICE Futures US) foi especulativa, oriundo do movimento de alguns grandes traders.
Dólar
Paulino da Costa observou que o dólar fortalecido favorece o setor em relação a preços e receita oriundas de exportações.
– Temos um outro lado favorável é que o fato de que quem estabelece o preço do café no mercado mundial é o Brasil, que é o maior produtor. Agora, em compensação, nossos custos também aumentam, principalmente nos preços dos agrotóxicos, fertilizantes e maquinário – ressaltou.
A Cooxupé exporta 80% da sua produção, sendo 70% diretamente.
Vendas
A Cooxupé espera vender 5,4 milhões de sacas de 60 kg de café em 2015, o que corresponde a um aumento de 8% em comparação com as cinco milhões de sacas do ano passado. Os negócios vão proporcionar um faturamento de R$ 2,9 bilhões, avanço de 16% ante o montante de R$ 2,5 bilhões obtidos em 2014.
– Aumentaremos a produção por causa do crescimento da nossa atuação. Mas o faturamento vai aumentar por conta de vendas a preços mais altos do que em 2014 – explicou o presidente da Cooxupé.
Somente dos cooperados, a Cooxupé espera receber este ano 4,6 milhões de sacas ante 4,2 milhões de sacas do ano passado. A diferença, para totalizar vendas de 5,4 milhões de sacas no ano, é de compras feitas pelos cooperados no mercado. A colheita do grão pela cooperativa vai começar em maio e durará até agosto.
– Com a mecanização, antecipamos o fim da colheita de outubro para agosto – declarou. Costa defende a mecanização do setor, dizendo que não há aumento de desemprego.
– É suprir a falta de mão de obra. É uma exigência para o produtor sobreviver no setor – ressaltou.
Cautela nos investimentos
O vice-presidente da cooperativa, Carlos Augusto Rodrigues de Melo, disse que a Cooxupé está cautelosa com relação a investimentos este ano. Em 2014, os aportes foram de R$ 60 milhões e neste ano a projeção inicial era de R$ 80 milhões, mas foi reduzida para R$ 50 milhões.
– Estamos também sentindo o efeito da crise, apesar de estarmos saindo de um ano de 2014, que foi bom para a cooperativa. Mas, diante da situação (política e econômica) estamos cautelosos com investimentos. O café neste momento tem preços que condizem com os nossos custos, estamos em um momento privilegiado até. Mas há uma situação de apreensão no país, o momento é delicado – disse o vice-presidente.