? Esses encontros têm sido bastante proveitosos para a troca de experiências e o aprofundamento da confiança entre o Brasil e a União Europeia ? observa Natalie Unterstell, gerente de Clima e Florestas no Ministério do Meio Ambiente (MMA).
Entre os diversos temas abordados na reunião sobre clima, Natalie acentuou o papel das florestas, que servem tanto para evitar a emissão de gases-estufa quanto para a recuperação de áreas que já sofrem com as mudanças climáticas.
Denominado Diálogo de Alto Nível Brasil-UE sobre a Dimensão Ambiental do Desenvolvimento Sustentável e Mudança do Clima, o encontro no Itamaraty contou com a presença do chefe da Unidade de Finanças do Clima e Florestas da Comissão Europeia, Peter Wehrheim, e do responsável pela Política de Finanças do Clima e Relações com a América Latina, Stefan Agne.
? O Brasil é muito ambicioso em seu compromisso ambiental e, por isso, essa parceria ? comentou o conselheiro de Meio Ambiente da delegação da União Europeia no Brasil, Arnold Jacques de Dixmude.
Os encontros com a UE têm sido anuais e são realizados alternadamente em Brasília e em Bruxelas.
? Nosso principal desafio é chegar a um acordo multilateral para o clima que seja legalmente obrigatório para todos os países, mas especialmente para os principais poluidores ? disse Dixmude, que considera que o Brasil é estratégico para levar outras nações a se comprometerem com esses esforços.
Sustentabilidade
Os técnicos do MMA e do MRE e os representantes da UE também debateram os rumos da economia verde e as perspectivas para a Rio+20. A reunião de alto nível, mediada pelo embaixador André Aranha, diretor de meio ambiente do Itamaraty, serviu para a troca de pontos de vista e para estreitar o diálogo multilateral.
Os europeus defenderam o comunicado dos países da Comunidade Europeia (CE), de 20 de junho, em que descrevem o estágio atual das iniciativas de economia verde e os planos de adotar medidas visando à sustentabilidade. Foram abordados, ainda, os principais entraves enfrentados nas negociações entre os países desenvolvidos e aqueles em desenvolvimento para um acordo sobre os investimentos necessários à mudança nos atuais modelos econômicos.
Para Nicholas Heley, representante da CE, apesar das divergências, o essencial é a disposição da Comunidade Europeia em prosseguir nos entendimentos com os países em desenvolvimento. O comunicado expressa a posição europeia e destaca a importância da Rio+20 para o desenvolvimento sustentável, classificando o evento de “oportunidade única”.
Heley lembrou, ainda, a crise econômica mundial que atingiu principalmente a Europa e os Estados Unidos e gerou dificuldades na aprovação dos investimentos necessários à implementação de programas de economia verde. Segundo ele, o crescimento econômico é prioridade nos países europeus, mas a agenda de sustentabilidade está presente nas medidas que estão sendo adotadas.
O embaixador André Aranha falou dos avanços brasileiros a partir da Rio-92 e frisou que o Brasil, hoje, “é referência internacional” em iniciativas de transição para modelos econômicos com menor impacto ambiental. Segundo ele, a Rio+20 será o momento de fazer com que esses avanços sejam ampliados.