A previsão é de que a demanda global por café supere a oferta em 4,2 milhões de sacas de 60 quilos na safra 2020/2021, provocando queda nos estoques globais, aponta a consultoria Cogo – Inteligência em Agronegócio.
“O déficit será resultado das quebras de produção em algumas regiões produtoras, como América Central – Nicarágua, Honduras, Costa Rica, Guatemala, El Salvador – e México, com queda conjunta de 6% de produção e mais expressiva nos países africanos”, informa.
Há desinvestimentos em diversos países, devido aos baixos preços dos últimos anos. Vietnã e Brasil, os dois maiores produtores globais, conseguem conviver por mais tempo com os patamares baixos das cotações, já que têm custos de produção menores.
O crescimento do consumo mundial de café foi menor do que a média histórica em 2019/2020 e deve crescer também de forma mais lenta em 2020/2021, em linha com o crescimento mais lento esperado para a economia global.
Segundo a Organização Internacional do Café (OIC), se a economia crescer em um ritmo um ponto percentual menor, a demanda global por café aumentaria 0,95% a menos, o que representa deixar de crescer 1,6 milhão de sacas de 60 kg.
“Havendo uma perda de ritmo ainda maior no crescimento do PIB, ou, até mesmo, uma situação de recessão global, poderia ocorrer uma estagnação a declínio do consumo de café em relação a anos anteriores à crise, quando crescia a taxas de 1,5% a 2% ao ano”, diz.
Efeitos da pandemia
De acordo com a OIC, enquanto o consumo caiu de forma significativa fora de casa, aumentou no mercado varejista, sugerindo que os consumidores optaram por armazenar uma quantidade maior em um primeiro momento. “Mas, depois de um pico inicial, a tendência é de redução da procura nos pontos de venda, à medida que vão sendo utilizados os estoques mantidos nas casas dos consumidores”, afirma.
Pode-se esperar um efeito mais profundo na demanda global de café em consequência da recessão global desencadeada por efeitos diretos e indiretos da pandemia. “A redução das rendas familiares poderá se traduzir em menor demanda por café, em termos de volume e, além disso, os consumidores sensíveis a preços poderão substituir café de valor mais alto por blends ou marcas de menor valor”.