O presidente do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), Nelson Carvalhaes, disse que o Brasil pode repetir ou até melhorar um pouco o desempenho nos embarques do grão na safra 2020/2021 (julho de 2020 a junho de 2021) em relação a 2019/2020, quando exportou 40 milhões de sacas, segundo melhor resultado da história do país.
“O Brasil está colhendo uma safra de bienalidade positiva, com boa qualidade dos grãos. As vendas neste segundo semestre estão indo bem”, disse Carvalhaes em entrevista coletiva virtual para apresentar os resultados da safra 2019/20 e perspectivas para 2020/21, realizada nesta segunda-feira, 13.
“O primeiro semestre de 2021 ainda é uma incógnita mas, pelo nível de organização, sustentabilidade e confiabilidade, entre outros pontos fortes do Brasil, temos toda chance de fechar a safra 2020/2021 com volume embarcado igual ou até um pouco melhor do que a anterior”, afirmou.
Com relação à demanda global, Carvalhaes informou que há poucos dados precisos sobre o comportamento do consumidor, principalmente neste momento atípico de pandemia da Covid-19. “Num primeiro momento, quem sentiu mais foi o setor de hotel, restaurante e cafeterias. Mas acredito que a demanda foi compensada pelo consumo dentro do lar”, ponderou. “O café foi um excelente companheiro na quarentena”, afirmou.
“Com a reabertura de restaurantes e cafeterias, o mercado pode se recuperar. Por isso, acreditamos em consumo estável até o fim do ano”, estimou. Carvalhaes considerou, ainda, que o Brasil deve continuar com estoques “justos” de café ao fim da safra 2020/2021. O País praticamente esgotou o estoque do governo e o produto em mãos da iniciativa privada é incerto, embora cooperativas tenham relatado baixos níveis, antes do início da colheita, entre abril e maio.
“Mesmo com safra recorde este ano e consumo interno estável, o Brasil precisa colher entre 60 milhões e 63 milhões de sacas para cumprir compromissos de embarque e atender a demanda interna”, explicou. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em seu mais recente levantamento, estimou a safra brasileira de café em 59 milhões de sacas.
O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) prevê colheita de 68 milhões de sacas, enquanto a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) projeta entre 57,2 milhões e 62,02 milhões de sacas.