A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estimou uma quebra de até 30,5% na produção de café neste ano. Para Minas Gerais, principal produtor brasileiro, a queda pode ser até 43% menor. Para a Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg), os números preocupam.
“É uma perda muito significativa e que nos preocupa muito, porque esses reflexos do clima provavelmente impactarão também a safra seguinte, de 2022. Precisaremos criar dispositivos para que o cafeicultor brasileiro tenha condições de ultrapassar esse momento. Desde o ano passado temos trabalhado nessa busca por recursos, linhas de crédito e instrumentos de renda para o produtor”, destaca Breno Mesquita, vice-presidente da federação e presidente das Comissões de Cafeicultura da entidade e da CNA.
Segundo ele, os números da Conab batem com a percepção do setor produtivo. “Já vínhamos alertando para este cenário desde o ano passado. Além da bienalidade negativa, tivemos graves problemas climáticos em 2020, que já nos sinalizavam uma perda preocupante para a safra atual. Os percentuais levantados pela Conab são bastante similares aos que temos recebido de feedback dos produtores e cooperativas”.
Minas Gerais responde por quase metade de toda a produção nacional, e deve alcançar entre 19,8 milhões e 22,1 milhões de sacas (redução de 42,8% em relação ao último ano). Segundo a Faemg, a perda mineira pode ser percentualmente maior do que a média de outros estados, pela predominância do café arábica, que sofre maior influência da bienalidade negativa.
Para Ana Carolina Gomes, analista de agronegócio da Faemg, as perdas na safra mineira de café devem chegar a 30%. Diante disso, ela recomenda cautela aos cafeicultores. “Diante de todos os fatores, que estão fora do seu controle, como o clima, o produtor deve se prender a gestão para conseguir ter um planejamento e diminuir os impactos que a bienalidade negativa pode trazer”, finaliza.