O Vale dos Vinhedos, na Serra gaúcha, foi o primeiro local do Brasil a obter essa distinção. Depois que esse primeiro passo foi dado em 2002, por todo o país começou a busca pela valorização não só de um produto, mas de modos diferenciados de produção praticados em determinadas regiões.
Para o empresário João Valduga, dono de vinícola, a certificação é um valor agregado que deu confiança ao consumidor.
? É um vinho com tipicidade única do Vale dos Vinhedos, que tem o nosso jeito, o nosso trabalho ? diz ele.
O diretor do conselho regulador da Associação Produtora de Vinhos Finos do Vale dos Vinhedos (Aprovale), Ademir Brandelli, lembra que a produção na região começou com seis vinícolas. Hoje são 33, e um nome a zelar.
? Isso [certificação de origem] ajuda a divulgar nosso produto cada vez mais em nível nacional e internacional e faz com que as pessoas procurem mais por esse produto porque já se tem um nome ? analisa.
Existem dois tipos de indicação geográfica. A primeira, e mais simples, é a de procedência, um reconhecimento da qualidade e dos atributos específicos de um produto feito em determinada região. A segunda, mais complexa, é a denominação de origem, que atesta que o produto só pode ser produzido naquele local, devido a características de clima e relevo, entre outras. O Brasil só tem experiência no primeiro tipo. São casos recentes, mas que mostram a demarcação crescente do agronegócio brasileiro no mercado internacional.
O café do Cerrado mineiro é um exemplo. O esforço para obter a diferenciação começou no início dos anos 90, e hoje a região, formada por 55 municípios, já representa 12% da produção brasileira. Só a Cooperativa dos Cafeicultores do Cerrado (Expocaccer) movimenta 400 mil sacas, sendo que 80% desse volume vai para o Exterior.
? Nós estamos dando garantia de que respeitamos o ambiente no processo de produção ? destaca o superintendente da Expocaccer, Eustáquio Miranda.
Os cafeicultores reconhecem a importância da certificação de origem para os negócios.
? No Japão, além de ser torrado e moído nas gôndolas, nosso café leva até a imagem do produtor, prova do valor que o importador dá a isso ? conta o produtor Francisco Assis.
Mas conseguir essa fama não é simples, e tem custo. Quem concede a indicação de procedência é o Instituto Nacional de Propriedade Industrial (Inpi). Os pedidos têm que partir de uma associação ou cooperativa. É preciso apresentar um estudo comprovando que o produto tem história na região e outro mostrando a delimitação geográfica da área. Também é necessário elaborar uma marca para o produto. Por fim, deve ser criado um conselho regulador que vai determinar as normas da produção e os critérios para obter o selo.
? Há um retorno econômico importantíssimo, a valorização das propriedades rurais e isso gera maior sustentabilidade do produtor no campo. É o que motiva todo esse processo de indicação geográfica ? explica a pesquisadora Adriana Verdi, do Instituto de Economia Agrícola, ligado à Secretaria de Agricultura de São Paulo.