De acordo com o coordenador do Biota-FAPESP, Carlos Alfredo Joly, a delegação brasileira faz apresentações sobre a experiência de sucesso do programa no uso de dados científicos para o direcionamento de políticas públicas de conservação e uso sustentável da biodiversidade.
Joly diz que a participação da delegação brasileira na organização do evento já é um resultado da estratégia de internacionalização do Biota-FAPESP, que é considerada uma das prioridades para os próximos dez anos do programa.
? Há três anos começamos a apresentar o Biota-FAPESP sistematicamente para organizações internacionais. O convite da Diversitas para que organizássemos esses simpósios é fruto desse trabalho de divulgação, que tem o objetivo de inserir nossa experiência em uma discussão internacional ? disse Joly.
Além de Joly, participam do evento Jean Paul Metzger, professor do Instituto de Biociências (IB) da Universidade de São Paulo (USP), Lilian Casatti, professora do Departamento de Zoologia e Botânica da Universidade Estadual Paulista (Unesp), e Ricardo Ribeiro Rodrigues, professor da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), da USP.
Os brasileiros participaram da organização dos simpósios Análise e previsão de processos de biodiversidade e ecossistemas e Construindo bancos de dados de biodiversidade. Luciano Verdade, professor da Esalq-USP e membro da coordenação do Biota-FAPESP, participará do simpósio “Biocombustíveis e biodiversidade”.
? Um dos simpósios é voltado para mostrar exemplos de como é possível utilizar uma base científica substancial para melhorar políticas de conservação. O outro é mais focado na estruturação de bancos de dados e em como as diferentes iniciativas internacionais estão lidando com a criação de conexões que interligam diferentes sistemas de informação ? afirmou Joly.
O bom exemplo do Biota-FAPESP como iniciativa científica capaz de orientar políticas públicas , segundo Joly, também representará uma contribuição importante para um dos principais temas em pauta na reunião da Diversitas: a criação do Intergovernmental Science-Policy Platform on Biodiversity and Ecosystem Services (IPBES).
? O IPBES será um painel intergovernamental capaz de fazer com que o conhecimento científico acumulado sobre biodiversidade seja sistematizado para dar subsídios a decisões políticas em nível internacional. Ou seja, realizar em nível global o que o Biota-FAPESP tem trabalhado em São Paulo ? disse Joly.
O objetivo da criação do IPBES, segundo Joly, é dar visibilidade global ao tema da biodiversidade, como ocorre na questão do clima com o Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática (IPCC). A construção da plataforma já foi discutida em uma reunião intergovernamental na sede do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), em Nairóbi, no Quênia. Ele explica que o IPBES será organizado de forma a garantir a participação igualitária entre os diversos países, como ocorre no IPCC, onde há participação de pesquisadores e laboratórios de quase todas as nações.
Para Joly, com o apoio do governo para a criação do IPBES, é possível que o país se interesse também em sediar o secretariado do novo organismo.
? Isso seria muito positivo, pois não sediamos nenhuma entidade internacional diretamente envolvida com mudanças globais, sejam elas relacionadas ao clima ou à biodiversidade. Temos gente e capacidade para fazer isso ? finaliza ele.