O ano de 2017 foi de preços fracos no mercado internacional de café e no Brasil também. A oferta se mostrou tranquila para os consumidores internacionais, que puderam dosar sua presença na comercialização e comandaram as ações em grande parte do tempo.
De um modo geral, as perspectivas de uma grande safra brasileira em 2018, uma safra cheia no Vietnã e em outras origens dificultam expectativas muito otimistas no momento para este ano.
Apesar disso, o consultor da Safras & Mercado, Gil Barabach, explica que o mercado tem chance de subir no começo do ano em função no aperto da oferta. Mas, para o restante de 2018, vai depender da confirmação do tamanho da safra brasileira.
Oferta
O relatório semestral do Departamento de agricultura dos EUA (USDA) reforça o cenário de aperto na oferta mundial de café. A produção mundial deve sofrer leve recuo de 0,4%, totalizando 159,9 milhões de sacas no ciclo 2017/2018.
A produção de arábica deve alcançar 94 milhões, o que corresponde à queda de 6,8% em relação à temporada anterior. A quebra na safra no Brasil puxa a produção mundial de arábica para baixo. Na contramão, a produção de robusta deve crescer 10,4% e alcançar 65,9 milhões de sacas. Destaque positivo para a safra recorde do Vietnã.
Em um cenário de produção estável e crescimento do consumo doméstico para 158,5 milhões de sacas, as exportações globais devem cair a 128,9 milhões de sacas em 2017/2018.
Segundo Barabach, o menor fluxo externo do Brasil justifica esse ajuste para baixo nos embarques globais. Nesse cenário, os estoques mundiais devem terminar a temporada 2017/2018 em apenas 29,3 milhões de sacas. E, com isso, a relação estoque-consumo cair a 18%, o que revela vulnerabilidade no abastecimento global. O USDA coloca luz em um cenário de aperto na oferta e serve de suporte para os preços, comenta Barabach.
Porém, ele destaca que a próxima safra brasileira continua como determinante para o mercado de café. “O clima favorável reforça o otimismo produtivo e justifica a grande dificuldade do café em NY conseguir se desvencilhar da pressão negativa”, afirma, mesmo com esse cenário de aperto na oferta indicado pelo USDA.
Se não tem força para subir, também não há tanto motivo assim para novas perdas, comenta o consultor. “O mercado já vem de uma longa e intensa sequência negativa. E uma safra grande no Brasil em 2018 já vem sendo precificado já faz um bom tempo na bolsa nova-iorquina”, avalia.