De acordo com o economista-chefe do Banco Schahin, Sílvio Campos Neto, a expectativa é de que a taxa Selic se mantenha no atual patamar, por causa do “cenário de profundas incertezas que se apresentam para a economia brasileira e mundial”. Ele acha que, diante das circunstâncias, “é mais viável que o ciclo de aperto monetário seja interrompido neste mês para que se avalie melhor as possibilidades para 2009”.
Campos Neto disse que apesar de o contágio da economia brasileira pela crise se dar de forma lenta e talvez sem a mesma intensidade de outros países, “as perspectivas para os próximos meses são muito incertas, para não dizer sombrias”. Ele acrescentou que em um cenário como o atual fica “muito difícil realizar previsões confiáveis para a trajetória da economia”, salvo com relação à esperada desaceleração do ritmo de crescimento.
Essa redução já foi registrada pela economia da Inglaterra, que teve crescimento negativo de 0,5% no terceiro trimestre do ano, comparado ao trimestre anterior, fato que não ocorria há 16 anos. As atenções agora se voltam para os Estados Unidos, que devem anunciar o comportamento do seu Produto Interno Bruto (PIB), no trimestre de julho a setembro, na próxima quinta, dia 30, e as expectativas também são de possível contração.
A reunião do Copom se realiza em um momento delicado, até porque diferentes países reduziram, recentemente, suas taxas de juros, numa operação articulada para minimizar o impacto da crise financeira em suas economias. Por coincidência, o Comitê de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) do Federal Reserve (FED) dos Estados Unidos também se reúne nesta quarta para “dosar” a taxa deles, que é de 1,5% ao ano e pode cair ainda mais.
Quando o Copom fizer o anúncio da taxa Selic, no início da noite desta quarta, já saberá se a taxa norte-americana terá cedido mais ainda, ou não. Será o anúncio da taxa de juros mais baixa do mundo, a dos EUA, e a mais alta, que é a nossa.